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Um nome poético para Várzea das Moças, por Erick Bernardes


Li num site bonito do município vizinho que Várzea das Moças é o nome do bairro mais poético que existe por lá. Então, vamos a ele sem demora pois é lugar nosso também.

Estou quase convencido dessa licença poética prevalecer quanto ao bairro em questão por tratar-se de um registro bimunicipal — e a parte gonçalense onde outrora constituiu fazenda, e cujo proprietário morava com suas seis filhas crescidas e influentes, concorre em São Gonçalo com inúmeros outros belos nomes não menos românticos. Você duvida disso? Que tal a referência a um Jardim Catarina, Jardim Alcântara ou Jardim República? Há os sonoros Recanto da Acácias, Rio do Ouro, Vila Iara, além do histórico Largo da Ideia e o internacional Jardim Califórnia. Pois é, mas não é isso que nos interessa. Voltemos ao romantizado Várzea das Moças, um nome bem escolhido, sem dúvidas.


Lembro dos amigos que jogavam futebol contra o time do CROL, clube de funcionários e associados da Cerâmica Rio do Ouro (a fábrica existe ainda), lá em Várzea das Moças, onde colaboradores e parentes passavam os seus momentos de lazer. Campeonatos, eventos culturais e os seus domingos dançantes constituíam certa tradição aos trabalhadores do aconchegante lugar. Exato, assim nasce uma boa narrativa, juntamos assuntos esportivos aos acontecimentos importantes do passado, misturamos tudo neste caldeirão textual a que chamamos de crônica, joga-se uma pitadinha do ingrediente informativo contido no site da Secretaria de Cultura do município irmão, e temos aí a breve explicação: "Várzea das Moças surgiu da Fazenda onde se ensacava o café produzido noutros lugares. Uma das primeiras beneficiadoras gonçalenses de produtos alimentícios".

Dizem os velhos jornais (mas já digitalizados) que a queda da exportação da tal propriedade rural culminou na falência da fazenda-empresa cafeeira. Os novos proprietários teriam transformado o espaço de ensacamentos de grãos em uma prodigiosa e rentável fábrica de telhas, tijolos e similares. Tempos depois, as partilhas e disputas políticas e administrativas decidiram o futuro das respectivas terras: tornaram o bairro de Várzea das Moças um espaço bimunicipal — e isso deu foi confusão por lá. Daí por diante, instituiu-se o lugar como parte do território pertencente à cartografia de São Gonçalo e outra parte ao município de Niterói.


Viu aí? Várzea das Moças, um nome poético dentro da geografia fluminense. Raízes de nossa gente, seis influentes mulheres, história de bairro que só existe aqui. E, por favor, nada de querelas de prefeituras entre os espaços, hein!

Erick Bernardes é professor e mestre em Estudos Literários.


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