Rio de Janeura, chapa-quente e o esporro nos puliça
Por Helcio Albano
Ah, o Rio! O Rio de (Ja)neura do Vid & Sangue Azul, de tantas noites juvenis na imunda Lapa de outrora. Ou o Rio-chapa-quente, do Fawcett e suas godivas do Irajá a Copacabana, que a Fernandinha alçou ao Top 5 das rádios cariocas dos 80 pros 90, prenunciando sua irremediável degradação, fase posterior à decadência, com doses cavalares de perversão de todo tipo.
Sim, o Rio das operações "Mosaico l e ll", do Moreira Franco, que usou as polícias Federal e Militar pra "limpar" morros e favelas e preparar, assim, o terreno da lucrativa venda de farinha que ficava no Brasil a caminho da Europa. Depois disso, só ladeira abaixo. De sangue. Não o azul, da nobreza. E "só Jesus na causa", que tomou de assalto as comunidades pobres com igrejas que mantêm o rebanho sob controle.
Digo isso porque tudo no Rio virou esculhambação. Duas cenas viralizaram nessa semana. A primeira delas, de um carro que tentou atravessar a pista por uma passarela. É isso mesmo. E quem fez o registro em vídeo narrava o inusitado como uma saga, torcendo pra um final feliz.
Outra cena puro suco RJ, foi de um camburão da PM que, "voado" pela via do VLT, porrou um caminhão ao furar o sinal na Av. Rio Branco.
O veículo tombou em cima de um trabalhador, negro, uniformizado de Mc Donalds. Depois da multidão suspender o caminhão e retirar o jovem debaixo da carroceria, um cidadão de camiseta, bermuda, bolsa de pano e havaianas, com a firmeza dos justos, foi pra cima dos policiais sem-noção:
"Vocês se deem o respeito. Só fizeram merda!"
É só mais um dia normal no Rio de Janeiro.
Plus
Eis aqui nosso herói e sua santa indignação contra os PMs em vídeo:
Bônus
E aqui, o sonzaço do Vid & Sangue Azul na voz metal de Sergio Vid:
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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.
