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Se Rússia invadir, Ucrânia deve lutar sozinha e gasoduto pode ser a maior arma de Moscou

Por Felipe Rebello

Região de Domas/Foto: Anatolii STEPANOV/AFP
Região de Domas/Foto: Anatolii STEPANOV/AFP

A Rússia está decidida em manter o espaço-vital ao redor de seu território principal e para isso deve se utilizar de todos os subterfúgios diplomático-militares e, para tal, não perder a Ucrânia para NATO/OTAN é um objetivo fundamental. 100.000 homens estão posicionados na fronteira russo-ucraniana, navios russos fazem exercícios no Báltico e infantarias se movimentam pelo território do aliado Belarus. As chances de uma invasão parecem cada vez mais reais.

O que a Rússia deve fazer?

Isso é uma incógnita, as possibilidades são muitas, mas provavelmente ela não pretende invadir diretamente ao território ucraniano até chegar em Kiev. A Ucrânia é um país muito grande e rico, portanto para tal seria necessário um esforço militar gigantesco, que poderia envolver Moscou em um dos maiores combates de sua História. O mais provável que Putin tente abocanhar pedaços do leste ucraniano cuja população é de maioria russa, como fizera com a Península da Crimeia, quiçá com o objetivo de criar um corredor-terrestre até a Transnístria, região separatista da Moldávia onde já há presença de tropas russas. Ou ainda o objetivo pode ser simplesmente causar crise e instabilidade no país, para que Kiev deixe de representar um perigo para estabilidade política russa.

O que os aliados da Ucrânia devem fazer?

Provavelmente não farão muita coisa além de enviar armas, recursos e fazer sanções irrelevantes. As respostas mais duras vieram de países do próprio Leste Europeu, como Polônia, Países Bálticos e Chéquia, mas estes não possuem o mesmo peso político de grandes potências como Reino Unido, Alemanha e França.

Berlim não deve se envolver diretamente uma vez que tem estreitado laços econômicos com os russos, em especial com a assinatura de acordos para inauguração do Nord Stream 2, um importante gasoduto que leva o gás russo até a Alemanha. A Europa toda é dependente dos combustíveis russos e, para a Alemanha, ser porta de entrada desses recursos é uma vantagem econômica muito interessante. Por isso o país deve se limitar a pôr panos quentes sobre a situação e se limitar as críticas à Putin.

A França está em plena corrida eleitoral, portanto Emmanuel Macron, que busca sua reeleição como presidente, deve evitar se envolver diretamente no conflito. Enquanto isso Boris Johnson, do Reino Unido, está envolvido em uma crise interna e pode cair a qualquer momento, uma vez que promoveu festas particulares durante a pandemia. Além disso o RU não faz mais parte da União Europeia e a Ucrânia ainda não faz parte da NATO/OTAN, isto posto não haveria uma razão burocrática para Londres intervir diretamente na questão.

Os Estados Unidos têm adotado uma postura alarmista e por vezes exagerada, como retirar às pressas diplomatas de Kiev e prometer sanções pessoais ao presidente russo. O discurso de Biden não parece alinhado ao da UE, que pede mais cautela e diplomacia. Todavia, o EUA também deu a entender que não vai se envolver diretamente no conflito, uma vez que a Ucrânia não faz parte da NATO/OTAN. Mas, além disso, como política de Estado, os Estados Unidos têm evitado se envolver diretamente em conflitos externos, principalmente dos de grandes proporções e que envolvam perda de vidas estadunidenses. A retirada de tropas do Afeganistão foi um exemplo disso.


Anistia Internacional acusa Israel de apartheid

O documento de 211 páginas é resultado de uma longa pesquisa onde a ONG relata apreensões israelenses de terras e propriedades palestinas, assassinatos, transferência forçada de pessoas e negação de cidadania. As autoridades palestinas aplaudiram o documento, enquanto Israel se referiu a este como incentivador de antissemitismo e promotor de uma visão que busca deslegitimar o Estado de Israel.

Ano passado a Human Rights Watch já havia acusado militares israelenses de “supostos crimes de guerra”.


Protestos por democracia no Sudão


Foto: DW
Foto: DW

Milhares de manifestantes tomam as ruas de Cardum e de outras cidades, clamando por democracia no Sudão. Os protestos, que iniciaram em outubro do ano passado, não perderam força apesar da intensa repressão militar que já deixou 78 mortos.

Entenda o caso: como resultado da II Guerra Civil Sudanesa, o líder militar e radical islâmico Omar al-Bashir desferiu em 1989 um golpe de estado contra o governo democrático do primeiro-ministro e imã sufista Sadiq al-Mahdi. Al-Bashir fechou todas as instituições democráticas e partidos, além de declarar que apenas organizações muçulmanas poderiam operar no país. Por um lado al-Bashir promoveu a secessão relativamente pacífica do Sudão do Sul, mas por outro lado incentivou uma guerra-civil violenta na região de Dafur. Al-Bashir apoiou os janjaweed (hordas de nômades arabizados) contra grupos étnicos, tribos e milícias não-arabizadas, provendo genocídios, estupros e outros crimes de guerra, chegando a contabilizar entre 200.000-400.000 mortes. Após intensos protestos e instabilidade, em 2019 o governo de al-Bashir cai através de um golpe militar preventivo, cujo objetivo era evitar uma transição democrática, assim o general Abdel Fattah al-Burhane mantém-se hoje no poder como líder da junta militar.


Partido Socialista surpreende e consegue maioria absoluta em Portugal


Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Contrariando a expectativa de uma disputa acirrada entre o PS x PSD, os socialistas conseguem maioria absoluta e conseguiram governar sem depender de alianças com os pequenos partidos de esquerda. Estas alianças com partidos pequenos e instáveis custaram caro ao PS quando estes abandonaram a coligação e causaram a abertura de novas eleições, portanto o primeiro-ministro António Costa ficou bastante satisfeito ao conquistar 177 dos 230 assentos disponíveis.

A oposição de centro-direita do PSD ficou com 71 cadeiras, ao passo que a extrema-direita, através do Chega, cumpriu as expectativas e conquistou preocupantes 12 cadeiras. Os liberais da IL ficaram com 8 cadeiras, ao passo que a coligação comunista-verde da CDU e o Bloco de Esquerda ficou 6 e 5 cadeiras respectivamente. Os humanista-ambientalistas do PAN e os ultralibertários do Livre somaram apenas 1 cadeira cada, ao passo que os liberal-conservadores e democrata-cristãs do CDS-PP não conquistaram assentos.


Sergio Mattarella é reeleito para presidência na Itália


Presidente da Itália, Sergio Mattarella, discursa no Palácio Quirinale, em Roma, nesta terça-feira (2) — Foto: Paolo Giandotti/Presidential Palace/Handout via Reuters
Presidente da Itália, Sergio Mattarella, discursa no Palácio Quirinale, em Roma, nesta terça-feira (2) — Foto: Paolo Giandotti/Presidential Palace/Handout via Reuters

Aos 80 anos o político partidário do “catocomunismo”, uma associação entre a democracia-cristã e a esquerda histórica, representa a estabilidade e coesão nacional. Após o caos que a extrema-direita da Lega Nord e os populistas do MoVimento 5 Estrelas causaram ao se associar na Itália, Mattarella aparece como um contraponto sério, íntegro e austero. É um político tradicional e muito respeitado, apoiado pelo mercado e parlamento no geral. Ele não queria a reeleição, mas após as rusgas entre os partidos, lideranças lhe convenceram a assumir o cargo. Recebeu 759 votos dos 1.009 possíveis.

Adendo: o presidente na Itália ocupa um cargo de chefe-de-Estado, em paralelo ao primeiro-ministro, chefe-de-governo. Sendo eleito indiretamente por parlamentares e delegados regionais, portanto não possui muitos poderes práticos, sendo principalmente uma figura diplomática, entretanto tem a prerrogativa de dissolver o parlamento e adiantar eleições.


Corrida eleitoral na França


Emmanuel Macron - EFE
Emmanuel Macron - EFE

O atual presidente Emmanuel Macron (REP), centrista e social-liberal, lidera a corrida para as eleições presidenciais que ocorrerão entre 10-24 de abril de 2022 com 25% das intensões de voto. O maior desafio para Macron será a Valérie Pécresse, representante da direita-conservadora e integrante d’Os Republicanos, partido fundado pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy. Pécresse, agora com 16% das intenções de votos, tem reais perspectivas de crescimento e deve abocanhar o eleitorado da extrema-direita de Le Pen (17%) e Éric Zemmour (12%) endurecendo seu discurso no setor da segurança em bairros violentos.

Enquanto a esquerda francesa segue desorganizada, diversos candidatos foram lançados, mas nenhum chega a 10% das intenções, portanto se estuda a possibilidade de se fazer prévias com o fim de lançar uma candidatura unificada no campo da esquerda.


Polônia inicia a construção de muro para embarreirar refugiados vindos de Belarus


( picture alliance / dpa/picture alliance via Getty Images )
( picture alliance / dpa/picture alliance via Getty Images )

A construção do muro deve ser concluída em junho e tem por objetivo embarreirar a passagem de imigrantes que fogem das guerras no Oriente Médio e cruzam Belarus em direção à Polônia, país que faz parte da União Europeia. A construção que foi repudiada por ONGs de direitos humanos e por ambientalistas, uma vez que interrompe fluxos migratórios de animais, foi aplaudida por autoridades da UE, que inclusive criticaram o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, acusando-o de facilitar o acesso dos imigrantes ao bloco europeu. Hoje milhares de imigrantes já estão embarreirados na fronteira e sofrem em barracas improvisadas sob o frio-extremo na expectativa de entrarem na UE.

A Polônia inclusive recusou o apoio da agência Frontex para monitoria das fronteiras, preferindo fazer por conta própria, após aprovar leis para deportação imediata de imigrantes sem asilo.

 

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Felipe Rebello é professor de História e psicopedagogo.


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