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Impossível beleza



Dia desses soube da trágica notícia da morte de uma modelo de 28 anos, candidata em um concurso de beleza, mãe de dois filhos. A mulher teve uma parada cardíaca enquanto fazia um preenchimento facial. Segundo a reportagem, além deste procedimento, a moça já havia colocado silicone nos seios, feito um enxerto no bumbum e uma cirurgia de reparação no nariz. A matéria ainda contava que a vítima costumava fazer uso de anabolizante veterinário.

Este é o tipo de assunto que me deixa chocada. Ao olhar a foto da modelo, uma mulher linda e exuberante, não consigo imaginar a necessidade de corrigir algo na sua aparência. Essa busca diária e incessante pelo corpo perfeito, que atenda aos padrões estéticos atuais, ditados pelas passarelas da moda internacional, pelas atrizes e celebridades, está levando muitas mulheres, quando não à morte, a uma imensa infelicidade diante da frustração de serem diferentes daquelas que estampam as capas de revistas e brilham nas telas de cinema.

Acredito que estamos vivendo uma séria crise de valores. A aparência não pode ser um mérito em si, muito menos, quando ela não contempla todas as formas de beleza. As pessoas são únicas, são singulares. Não somos fabricados numa forma. Ninguém vai ser mais amado nem mais feliz porque se parece com a boneca Barbie, de longos cabelos lisos, seios fartos e cintura de pilão. Ou será que as mulheres acreditam nisso?

É preciso questionar qual o sentido de apagar as rugas do rosto. Talvez falte maturidade para aceitar o ciclo da vida. Talvez na falta de um sentido mais profundo na própria existência, as mulheres se lançam na jornada de combater, inutilmente, o tempo, apagando as marcas da sua origem, desconstruindo suas formas únicas e inigualáveis, removendo a sua individualidade para se transformarem em bonecas. Por insegurança e falta de amor próprio, lançam mão de plásticas, silicones, preenchimentos e horas de academia, na tentativa de serem aceitas neste mundo que tanto exalta a juventude, aliando a maturidade ao fracasso.

E ficam feias! Porque passam a ser todas iguais. Disse Edgar Allan Poe: “ não há beleza rara sem algo estranho nas proporções”.


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