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A Escola é espaço de libertação e não de aprisionamento

Por Ericka Cunha


Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As últimas tragédias que vem sendo noticiadas e divulgadas nas redes sociais, além de nos levar a um profundo sentimento de tristeza, medo e impotência, criou certo tipo de histeria coletiva, na qual as escolas passaram a ser vistas como o espaço mais violento e perigoso da sociedade.


A Escola sempre foi considerada uma instituição fundamental para o desenvolvimento do sujeito, mas não é a única, e nem tão pouco existe apartada de todo resto do contexto social em que vivemos.


A violência cometida na zona oeste de São Paulo pelo aluno que esfaqueou e matou a Professora Elisabete Tenreiro, deixando alunos e professores feridos, o massacre cometido contra crianças em uma creche na cidade de Blumenau (SC) são atos hediondos que precisam ser punidos. Mas é preciso refletir sobre qual problema realmente precisamos combater.


A violência que precisamos combater está dentro da escola?


A violência tem sido vivenciada e naturalizada cotidianamente, seja nas casas e ruas da cidade, nos trabalhos e até nas relações afetivas, quando aceitamos "vai um tapinha não dói ". Seja na convivência com barricadas, homens, jovens e crianças que andam armados sem a menor cerimônia, tiroteios , e discussões que tiram vidas por toda cidade. Isso demonstra que nos habituados a conviver com a violência... seja sendo agredidos, seja sendo agressores.



Por que toda violência cotidiana às quais temos sido submetidas, não choca mais as pessoas?


Levar para dentro da escola a polícia militar armada, botões de pânico, e aplicativos é muito mais barato do que investir nas comunidades criando oportunidades através de uma Escola Integral em tempo integral. Quem sabe se este adolescente que matou a professora Elisabete estivesse em uma escola bem equipada, com profissionais e professores valorizados, ele estaria desenvolvendo habilidades e competências socioemocionais, ao invés de estar mergulhado em um mundo virtual que fomenta a violência. Talvez essa tragédia poderia ter sido evitada.


Precisamos pensar se desejamos uma escola armada, ou se desejamos fazer da escola uma arma de transformação real do sujeito e da sociedade.


Mas para isso precisamos desnaturalizar a violência, porque ela está presente em todo canto.


O Grande Antropólogo Darcy Ribeiro disse que "Se os governadores não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios". E agora diante da total inoperância do poder público, querem transformar as escolas em presídios.


A sociedade adoeceu diante da crise do capital e a escola sangra diante da naturalização da violência social cotidiana. Por isso, lembro aqui o mestre Paulo Freire quando diz que Educar é um ato Político. E nos aponta a ideia de que a educação é uma ferramenta poderosa para promover a transformação social e a emancipação dos indivíduos. E, além disso, que a educação deve ser libertadora, permitindo que os indivíduos possam desenvolver sua consciência crítica e se tornem agentes de transformação social.


Essa é a Escola que a sociedade brasileira merece, um espaço de libertação e não de aprisionamento.


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Ericka Cunha – Pedagoga, servidora pública, Professora Universitária e doutoranda em Educação na UFF.





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