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A pandemia acabou?

Avanço da vacinação e queda no número de mortes aponta para cenário melhor, mas ainda não é hora de esquecer os cuidados


Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasil de Fato - Conforme a vacinação contra a covid-19 avança, os números de mortes caem e as restrições sociais abrandam, a forma com que os brasileiros lidam com a pandemia tem se transformado. A impressão é de que bares lotados, salas de aula cheias e encontros sem máscara têm se tornado comuns novamente. A poucos dias de completar dois anos desde a descoberta do novo coronavírus (Sars-CoV-2), em 31 de dezembro de 2019, dá para considerar que ultrapassamos o pior? Já podemos sair para curtir a noite sem culpa? Essas são questões que a população mais precavida pondera enquanto o mundo corre para “voltar ao normal”.




Faz pouco tempo que o recifense Henrique Black, estudante de TI de 25 anos, tem se permitido frequentar bares e estabelecimentos fechados novamente. O jovem deu início à quarentena antes mesmo de ser decretada oficialmente em Pernambuco. “Isso mostrou para mim mesmo como eu iria agir até a chegada da vacina. Porque foi isso que eu fiz, fiquei em casa o tempo todo”, conta.


De maneira geral, Henrique cumpriu o isolamento social praticamente à risca. Só durante os meses de setembro e outubro de 2020, quando os números de casos baixaram um pouco e os estados permitiram a reabertura de certos serviços, ele chegou a sair de casa para pedalar ou passear em ambientes abertos. Fora isso, as exceções foram idas à farmácia, supermercados e unidades de saúde. “Não fiz mais nada. Restaurante, bar... não tive coragem”, revela.




O período rendeu uma piora da saúde mental do jovem, que precisou retomar o tratamento para ansiedade. Sua forma inicial de lidar com a pandemia foi focando intensamente nos estudos, passando mais de 10 horas por dia sobre os livros, o que eventualmente desencadeou num quadro de exaustão mental no fim de 2020.


As notícias recentes da variante ômicron voltaram a assustar Henrique, especialmente pelo medo de enfrentar outro confinamento. “Eu sinto que aguentei muito bem esses quase dois anos trancados. Mas agora que relembrei como é viver em sociedade, a ideia de voltar ao isolamento é desesperadora”, fala.




O que diz a ciência? O médico infectologia Filipe Prohaska lembra que os riscos da pandemia ainda existem, sim, e a grande questão no momento são os cuidados para impedir a transmissão do vírus – uso de máscara, distanciamento social e a vacina. Se for sair de casa, que seja cumprindo essas medidas de segurança e consciente de que, mesmo assim, ainda existe o risco de se contaminar. “É um perigo recorrente. Você sabe que ali existe uma situação, mas está tomando as medidas para minimizar o risco”, diz o médico, que trabalha no Hospital Universitário Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco (Huoc/UPE).


Quanto à ômicron, Prohaska explica que os cuidados que devem ser tomados são semelhantes em relação às outras cepas. “É mais um alerta para mostrar que as variantes vão surgir porque não temos a população do mundo totalmente vacinada. Enquanto houver bolsões de baixos índices de vacinação, infelizmente virão novas variantes”, afirma.




A população não imunizada tem mais risco de transmitir a covid-19 e de morrer em decorrência do vírus, reforça o infectologista. É neste contexto que ele aponta o “passaporte da vacina”, que vem sendo exigido em Pernambuco, como uma iniciativa positiva. “Hoje, nos hospitais como um todo, a gente praticamente só tem pacientes que não estão vacinados. Nos Estados Unidos, [dados divulgados] mostraram que 99% dos pacientes internados na UTI não tinham se vacinado”, pontua.


Para Prohaska, o fator que explica porque alguns brasileiros ainda resistem à imunização são as notícias falsas. “Nosso grande problema tem sido posicionamentos e discussões baseadas em dados falsos, fakes news, que desencadeiam uma onda de insegurança num grupo específico de pessoas”, defende.



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