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LUTO é verbo

Por Graciane Volotão


Foto: Reprodução Internet
Foto: Reprodução Internet

Esta semana após as eleições é para “lavar a alma”. No domingo o grito estava na garganta, chorei de emoção e fui invadida por um sentimento de animação por acreditar que surge uma nova fase, um novo período de redemocratização do nosso país.


A democracia venceu apesar de tudo que ocorreu nesses quatro anos, que considero, foram infernais. Eu não costumo escrever este tipo de palavra, mas era assim que eu me sentia, vivendo no inferno. Vivia indignada por tantas pessoas que morreram sem necessidade, por causa de um (des) governante que mentiu e mente a todo tempo, espalhando ódio e preconceitos.


Estava sufocada assistindo todos os dias tantas injustiças, crueldade, intolerância, falta de respeito, desprezo e ataques à democracia.


A democracia brasileira é jovem. Somos exemplo de organização das eleições para outros países, assim como somos no Sistema Único de Saúde, o SUS. O que nos revolta diante da demora em vacinar as pessoas na pandemia da Covid-19.


Nossa democracia estava amadurecendo e foi desmoronando na frente de todos que conseguiam perceber o caminho autoritário e ditador que vivemos. O anúncio era que passaríamos a ser um país autocrático.


As lágrimas não são mais de tristeza e luto. Iniciei a semana fazendo uma limpeza nos meus sentimentos e revirando os meus guardados, rasguei vários papéis, como se pudesse me libertar de cada segundo que vivemos no pesadelo deste (des) governo que vai tarde, mas vai.




Desgoverno, pois nunca governou para o povo. Apenas atuou em causas próprias e para agradar os seus aliados. Espanta ver a quantidade de pessoas que, com tantos alertas, sobre os riscos que nossa democracia corria, votaram no projeto de nação injusto que destrói e corrói o povo.


Estamos livres, é o que espero, pois é inadmissível assistir manifestações de pessoas que não conseguem perceber, ou não querem, os desmontes nas políticas sociais, econômicas, da educação, da ciência, da saúde e do meio ambiente.


Vencemos e voltaremos a ter um presidente para governar com o povo para o progresso com base no desenvolvimento social, econômico e sustentável. Um país que busque a justiça social, que combate às desigualdades sociais, laico, democrático e que cuide do seu povo.


Permaneço esperançando por um país de irmãos e irmãs, com a certeza de que apenas pela educação conquistaremos uma nação consciente que afaste qualquer tirano que tente chegar, ou que chegue, ao poder.


Estamos virando a página, escrevendo uma bonita história de aprendizados, reconstrução e resiliência do povo brasileiro.


Eu LUTO, nós Lutamos pelo Brasil! Nosso luto é verbo.

 

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Graciane Volotão é Pedagoga, professora supervisora educacional, servidora pública e doutoranda em educação na UFF e membra do Coletivo ELA – Educação Liberdade para Aprender e colaboradora da Coluna “Daki da Educação”, publicada às sextas.



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