Pisca-alerta do carro e suas infindáveis utilizações - por Oswaldo Mendes
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“Nossos carros são umas carroças”. Frase dita por um ex-presidente da República, nos idos de 1990.
Aí iniciava o Movimento da Qualidade no Brasil, com quatro décadas de atraso. Dois anos depois, tínhamos a ECO-92 apresentando conceitos que o Meio Ambiente dá muito lucro e mais dois anos à frente era publicada a norma NBR ISO 14.000 - de Gestão Ambiental, a qual introduziu a Melhoria Contínua - Kaizen, após a análise crítica, isto por volta de 1950, no Japão, mas aqui até hoje há grande dificuldade para a implementação até mesmo de um ultrapassado Programa 5S.
Para maior lucro, os nossos carros da época tinham o motor as rodas e o banco, quase nenhum equipamento de segurança, equipamentos que, até nossos dias, são considerados custos. Coisas simples como o amparo de cabeça evitando a quebra do pescoço e morte imediata em função do efeito chicote, no caso de uma freada brusca ou colisão.
Nessa mesma época, chegava ao Brasil o denominado de “pisca-alerta” para os veículos, o qual tem uso bem definido no Código Brasileiro de Trânsito - CBT.
No citado Código Brasileiro de Trânsito, em seu artigo 40, parágrafo V, tem-se:
V- o condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes situações:
a- em imobilizações ou situações de emergência
b- quando a regulamentação da via assim determinar.
Somente os casos acima. Mais nenhum.
Porém, poderemos encontrar as mais diversas e estranhas situações atualmente para o uso do pisca-alerta, desde a se adequar às normas vigentes em Comunidades, parar em fila dupla ou tripla na frente da escola para deixar o ser mais importante do universo, para a entrada ou desembarque de passageiros em qualquer lugar - qualquer lugar mesmo- da via, para parar em frente ao banco ou mercado para fazer compras ou até mesmo na contramão porque o pisca-alerta deixa imune a tudo e todos.
Na Ponte Rio-Niterói o sujeito quer tirar fotos sem parar o carro, pois levaria uma multa, assim é resolvido diminuindo a velocidade e ligando o pisca-alerta; para carga e descarga de produtos em qualquer lugar e horário, podendo inclusive ser na contramão - é só ligar o “instrumento salvador”; você não encontrou lugar para estacionar? então ligue o pisca-alerta.
Ele é multifuncional e imbatível. Criador de soluções para todas as necessidades.
Não há como deixar de demonstrar meu total apreço a esse equipamento que deveria ser de emergência, mas virou a salvação numa Sociedade moldada para levar vantagem em tudo e em cima de todos, inclusive Deus.
Pisca-alerta ou posso denominá-lo atualizando suas novas funções, de agora em diante, como “bandalha totalmente livre”? Liguei, posso tudo e nada me acontecerá!
Note também que, se estiver no veículo com as lâmpadas queimadas, isso não interferirá na sua intenção do uso do pisca-alerta, o qual pode ser também acrescido de buzinas e silenciosos rompidos, em caso de entregadores de motocicletas, principalmente pela madrugada.
Estamos moldando uma Sociedade melhor, regrada e mais justa, onde a Lei do Silêncio (que é inexistente, mas o amparo legal é a Resolução CONAMA 01/1990 e as normas de Conforto Ambiental), é sempre bem-vinda.
Estamos melhorando, principalmente agora sem física, química, biologia, filosofia, geografia, etc.
Para terminar, o Ciclo de Deming, a qual é base para o Kaizen - acima citada, tem-se como referência a Análise Crítica pela Alta Direção; após a devida checagem, a qual deve ser comparada com Indicadores de Excelência. Assim, há décadas, tivemos a chance de aprender que a crítica pode ser considerada como agressão pessoal ou consultoria gratuita.
Ângulos diferentes de interpretação de uma mesma temática, em suma, pode-se também concluir, o que também está presente no Grande Livro que “Não dê pérolas aos porcos".
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Oswaldo Mendes é engenheiro e sambista, não necessariamente nesta ordem.
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