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Quem é essa gente toda em Alcântara?- por Mário Lima Jr.


Foto: Reprodução Internet
Foto: Reprodução Internet

Andando com cuidado pra não ser atingido na cabeça por uma bandeira, fui cumprimentado por três candidatos a deputado estadual no Calçadão de Alcântara. Coincidentemente, dois tinham “Augusto” no nome composto. A concentração de candidatos é tão grande que você encontra homônimos no mesmo metro quadrado. Delegado, médico, miliciano, tudo circulando em Alcântara rindo, apertando a mão do povo e fazendo promessa. A maior região comercial de São Gonçalo, onde já não cabia mais ninguém, está lotada de bandeiras, políticos e cabos eleitorais. Quase tão cheia quanto no Natal. Mas a maior parte do eleitorado gonçalense não conhece ninguém que faz campanha pelas ruas de São Gonçalo.


A candidatura da vereadora Priscilla Canedo a deputada estadual ilustra bem o que acontece no município. O mesmo apoiador segura, diariamente, uma bandeira com a foto e o número de Priscilla na rua Dr. Alfredo Backer, em frente ao condomínio Solar de Alcântara. Não vi outras bandeiras ou apoiadores de Priscilla no bairro, tradicionalmente estratégico até para a corrida presidencial. Enquanto candidatos estrangeiros têm dinheiro para investir em sistemas de som, centenas de bandeiras, cabos eleitorais e carreatas, a representante do único mandato feminino na Câmara de São Gonçalo, integrante do princípio de oposição e equilíbrio que tivemos ao Governo Nelson, conta com uma pessoa só distribuindo panfletos. Não é justo com São Gonçalo.



Nomes da política local, Douglas Ruas, João Pires e Professor Josemar fazem campanhas à ALERJ de forte presença na ruas de Alcântara. Há outros políticos gonçalenses, mas com divulgação de menor expressão. Todos enfrentam um mar poderoso de candidatos desconhecidos, que nunca pisaram em nenhum dos aparelhos culturais da cidade e são incapazes de escrever corretamente o nome do bairro Colubandê no Instagram. Não é tão difícil assim, só precisa ter um pouquinho de intimidade com São Gonçalo.


Vestindo roupa cara, blazer, calça jeans apertada e sapato de couro, parecendo um alienígena do Leblon, um candidato cumprimentava os pedestres e pedia voto. Se tivesse andado na Rua da Feira alguma vez na vida, saberia que é impossível se mover entre o povo e as barracas sem usar algo leve e flexível. Se já tivesse pisado na lama de esgoto e lixo do Calçadão, calçaria tênis pra pular as poças melhor. Depois de eleito, esse candidato diria que São Gonçalo fica na Baixada Fluminense.


Chinelo, bermuda e camisa regata também não deveriam conquistar voto. Nem ser gonçalense é critério ideal. Pra pedir voto aqui, bastaria conhecer as dificuldades que o povo enfrenta e ser capaz de trabalhar na construção de dias melhores para São Gonçalo.

 

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Mário Lima Jr. é escritor.



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