Encontro em São Gonçalo debate mortalidade materna
Há um mês do Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, a Secretaria de Políticas Públicas para Idoso, Mulher e Pessoa com Deficiência realizou ontem (27) uma roda de conversa sobre "Os direitos da mulher gestante no Brasil".
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 830 mulheres morrem de complicações com a gravidez ou relacionadas com o parto todos os dias, sendo que no Brasil, 60% das vítimas de mortalidade materna são mulheres negras. Realizado na Universidade Salgado de Oliveira (Universo), o debate aberto reuniu estudantes e lideranças da sociedade civil em uma conversa sobre políticas efetivas em prol da garantia de direitos.
- Poder discutir sobre esse tema é de extrema importância. Não podemos concordar com uma sociedade que culpabiliza e criminaliza as mulheres. Falar sobre violação é denunciar e assegurar para que todas tenham os seus direitos garantidos. Há 16 anos, como enfermeira no Azevedo Lima, presenciei uma mulher ser algemada quando entrou em trabalho de parto. Naquela época não tinha rede social, celular, tinha era a minha palavra, e na mesma hora, como mulher, profissional da saúde e militante de direitos humanos, exigi que as algemas fossem retiradas. Depois de 16 anos reencontrei essa mulher, que me reconheceu e me agradeceu pelo que fiz. A violência não começou hoje, e a nossa luta é todo dia - disse a palestrante, Fátima Cidades, do Movimento de Mulheres de São Gonçalo.
A atividade contou ainda com representantes da Secretaria de Saúde, como Patrícia Silva, coordenadora do Espaço Rosa; estudantes de direito da Universo e representantes de movimentos sociais, como a fonoaudióloga Marcia Ribeiro, do Movimento de Mulheres Encarceradas.
- Um encontro como esse nos fortalece muito! Faço parte do movimento de mulheres encarceradas, e vejo o quanto a invisibilização e criminalização dessas mulheres as afasta dos seus próprios direitos. Só no Jardim Catarina temos mais de mil mulheres que levam a marca de serem companheiras de homens encarcerados. Mulheres que são invisíveis para muitos de nós - disse.
A subsecretária de Políticas para Mulheres, Andrea Machado, destacou que a importância da parceria entre o poder público e a sociedade civil na luta pela garantia de direitos.
- Um encontro como esse é de grande importância, e marca mais uma vez o quanto o poder público precisa caminhar junto a sociedade civil para construir políticas efetivas. Nós, quanto secretaria, não fazemos nada sozinhos. A rede, a parceria, a escuta e o diálogo é que fazem o trabalho acontecer - ressaltou.
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