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Medo de Espíritos - por Cristiana Souza


Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

Ângela era uma criança que tinha pavor noturno, medo de espíritos, não saía da cama para ir ao banheiro quando as luzes se apagavam e todos na casa dormiam. Consequentemente, fazia xixi onde não devia, pois achava que poderia encontrar algum espírito vagando pela casa e a levasse para longe de sua família.


Quando sua mãe encontrava os lençóis molhados, a repreendia e fazia promessas de castigo vexatório, se o ato rescindisse. Porém, ninguém sabia o motivo da menina deixar os lençóis salgados de urina e se sentir paralisada em percorrer um trecho pequeno entre o quarto e o banheiro durante à noite.


Tudo começou ao ser levada numa igreja pentecostal, onde os representantes de cima do púlpito, demonizavam religiões de matriz africana, repleto de muitos gritos e intolerância religiosa.


E se não bastasse o horror vivido nesse templo da “fé”, todas as noites era sintonizado, na televisão de sua casa, um programa no mesmo formato do que havia presenciado, somatizando cada vez mais o seu medo do mundo espiritual.


Por temer o castigo vexatório, a pobre criança passou a não tomar água horas antes de dormir e só abria os olhos ao amanhecer. Durante toda a sua infância viveu noites sobressaltadas.


Os anos se passaram, de menina à mulher, Ângela já não fazia mais xixi na cama, mas por ainda ter medo do escuro, sempre dormia à meia-luz.


Sua vida foi seguindo, mas ela sentia que deveria superar o medo de espíritos, algo construído socialmente desde a sua infância e por influência de terceiros, quartos, quintos…


E sendo assim, numa tarde ensolarada de dezembro, foi conhecer um terreiro de umbanda, localizado longe do centro urbano, provavelmente uma tentativa de escapar da intolerância religiosa  por parte da sociedade.


Chegando nesse espaço, Ângela ainda com medo e sem saber como agir, foi acolhida e recebeu afeto de pessoas desconhecidas, e se sentiu em paz com o batuque que vibrou intensamente em seu corpo, alma e coração.


Com os olhos marejados de alegria, exclamou: “esteja eu, sob a luz do sol ou da lua, irei fortalecer a minha fé e sempre respeitar a fé e religião alheia'”.


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Cristiana Souza é Jornalista, Assistente Social e graduanda em História pela FFP-UERJ.



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