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Os 10 anos do Junho de 2013 em São Gonçalo

Por Helcio Albano

Multidão em frente à Prefeitura/Foto: Rodrigo Azevedo
Multidão em frente à Prefeitura/Foto: Rodrigo Azevedo

Este mês faz 10 anos das grandes manifestações populares de junho de 2013. Muita coisa já foi escrita em textos acadêmicos e em artigos de jornais que, neste domingo (11), vêm aos montes analisar esse terremoto social, político e cultural que transformou pra sempre o Brasil. Mas não quero me ater ao que já é tratado como fato histórico no país, mas sim ao que agora me interessa enquanto recorte: São Gonçalo.


Os protestos de junho tiveram inicialmente motivação jovem, urbana e de esquerda auto-organizada para além dos partidos e dos movimentos sociais tradicionais naquele momento cooptados pela estrutura do governo Dilma. Isso já devia estar pacificado.



Vivíamos enorme euforia com crescimento econômico robusto em todo o país, e especialmente no Rio de Janeiro, estado que recebia o maior volume de investimentos relativos do mundo, perdendo apenas essa condição para províncias da China.


A cidade do Rio deu azo a gigantescas intervenções de infraestrutura para receber a Copa e Olimpíadas. Comitês de observação, montados pela sociedade civil a partir das universidades, entraram firmes no debate público, criando massa crítica numa juventude empoderada e ansiosa em participar dos rumos do país.



E um dos motes de discussão era qualidade dos serviços públicos, principalmente dos transportes. E daí vem os 20 centavos como símbolo dos protestos da multidão nas ruas.


Em São Gonçalo, o então prefeito da época, Neilton Mulim, deu um azar danado. Ele fora eleito exatamente sob a bandeira do transporte a R$ 1,50 que não conseguira cumprir naquele junho [e nem nunca], apenas 6 meses depois de tomar posse...

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A rapaziada pilhada com os acontecimentos que inundavam o noticiário das TVs e das já consolidadas redes sociais e que já emulava em escolas e universidades das terras d'Além o mesmo modelo de organização dos comitês, tomaram como nunca dantes a Cel. Moreira Cesar e a Feliciano Sodré contra o governo duplamente encrencado:


1. por ter autorizado o aumento da tarifa em janeiro daquele ano e;

2. por não ter cumprido a promessa da passagem a R$ 1,50.



Bônus

Na noite de 19 de junho, 5 mil pessoas se concentraram em frente à Prefeitura cobrando o prefeito o que jamais poderia dar: sua promessa de campanha.


Enquanto outros prefeitos tinham pra si como recuo os tais 20 centavos, Mulim não tinha nada para aplacar a fúria do monstro que o engoliu. O governo Mulim acabara ali, como em nível estadual teria fim o de Sergio Cabral. Junho de 13 foi fatal para os dois.


Bônus-Track

Gonça City carregava o mesmo sentimento antissistema, antipartidos e cartazes com frases como "O gigante acordou" e coisas do tipo meio difusas que dariam no que deu: Lava Jato, Bozo e Centrão ainda mais poderoso.



No dia 29/6/2013, Paulo Henrique Lima, que organizara um protesto na Prefeitura, lamentou à extinta Folha SG manifestação esvaziada por causa de "boatos de que a manifestação teria teor político". Era esse o nível.


Bônus-Track-Plus

Mas encerro mesmo com o comentário de dona Ivone Nazaré, 76 anos, presente na manifestação monstro do dia 19 de Junho de 2013 à mesma Folha SG:


"Não sou usuária, mas a vergonha é que a passagem está mais cara que a maconha. Um absurdo".


Pois é, dona Ivone, nada mudou...


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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.


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