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Professor, o “traficante do saber” - por Rofa Araújo


Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Há um certo tempo atrás, num evento pró-armas realizado no Distrito Federal Eduardo Bolsonaro, o Bananinha 03 da família, ousou fazer uma afirmação para lá de preconceituosa, desrespeitosa e absurda, traçando uma relação entre os professores e os traficantes.


“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante que tenta sequestrar e levar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez até o professor doutrinador seja ainda pior...”. Como assim? Um “professor-doutrinador” pior que um bandido que faz o tráfico de drogas? E o que seria essa generalização do mal a respeito dos professores?


Para a extrema-direita que adora falar sobre “Geração Paulo Freire” ao se referir do Patrono da Educação Brasileira, sem nem mesmo saber o que diz em seus livros, na verdade, devem o criticar porque ele defende que o aluno reflita, pensa no que aprende e não apenas repita o saber, como um papagaio. Eis o X ada questão: não querem isso justamente por acharem que é preciso apenas fazer conta e saber ler, sem interpretar direito para não “criar problemas”, ao pensar.



Por trás dessa infame afirmação do Bananinha, encontra-se quem quer mais é o povo aprendendo feito um robozinho, sem distinguir ou discordar o conteúdo aprendido para não contestar, inclusive os governantes para não fazer um levante não desejado.


E para os que pensam ter consciência de quem foi Paulo Freire, segue uma das suas mais famosas frases: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”, como afirma no livro “Pedagogia do oprimido”. Se essa ideia é válida, o professor aprende e não é detentor de todo o conhecimento. Portanto, não seria pior que o traficante como mal disse o filho 03 do ex-presidente Bolsonaro.


“Não pode falar em educação sem amor”, eis outra frase e destaque dentre tantas ditas e escritas em livros desse educador que é estudado em Havard, EUA, em teses de mestrado e doutorado, com muita frequência.


A única lógica da comparação absurda feita entre os professores e os traficantes é: quem educação pode, sim ser um “traficante do saber”, permitindo que os alunos rompam o sistema e clandestinamente, aprendam a pensar e refletir em sua vida como um todo e não fique apenas no raso, no conhecimento repetitivo e alheio à sua realidade de vida.


Viva os professores e viva Paulo Freire e baixo ideias contrárias à sua importância. Porque estudar é mais que obter conhecimento e um diploma. Estudar é aprender a ter um visão e ser um crítico e tudo à sua volta de maneira que possa decidir os melhores caminhos a seguir.


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Rofa Araujo é jornalista, escritor (cronista, contista e poeta), mestre em Estudos Literários (UERJ), professor, palestrante, filósofo e teólogo.




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