Um bebê morto a cada três dias na maternidade municipal de São Gonçalo
Maternidade Dr. Mário Niajar registrou 39 mortes de fetos entre fevereiro e abril deste ano
Por Cláudio Figueiras
A frente parlamentar criada na Assembleia Legislativa (Alerj) em combate à violência obstétrica descobriu, em ação de fiscalização realizada na sexta (10), que de fevereiro a abril deste ano ocorreram, só na Maternidade Municipal Dr. Mário Niajar, no Alcântara, 39 óbitos fetais. Um média de uma morte a cada três dias.
Os dados incluem gestações em que ocorrem abortos e casos em que os fetos já chegam à unidade de saúde com óbito. As informações são do jornal O Dia.
A fiscalização também revelou que a unidade de saúde conta com número insuficiente de enfermeiros, que precisam dar conta de um número grande de leitos e a defasagem salarial da equipe de enfermagem.
Única maternidade pública do município, o centro obstétrico da unidade conta com apenas uma enfermeira obstétrica, responsável por 13 leitos obstétricos, e uma enfermeira líder, que se divide em duas salas de cirurgia, sala de parto e auxilia a enfermeira obstétrica nos outros leitos.
Existem técnicos de enfermagem na unidade que recebem R$1000, menos de um salário mínimo, para trabalhar 24 horas por semana. Enfermeiros com a mesma carga horária recebem R$ 1.400, valor abaixo do piso estadual de cerca de R$ 2.700.
A maternidade também apresenta falhas estruturais graves que configuram violência obstétrica, como leitos inapropriados para puérperas e até falta de ambulância para translados simples entre unidades de saúde.
A Secretaria de Saúde (Semsa) informou que a Maternidade passa por obras de adequações e adaptações nas enfermarias, e que só poderia comentar os óbitos após o retorno ao trabalho da equipe administrativa da Secretaria, que não trabalha aos domingos.
Ajude a fortalecer nosso jornalismo independente contribuindo com a campanha 'Sou Daki e Apoio' de financiamento coletivo do Jornal Daki. Clique AQUI e contribua.
