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Vivas à Vida

Por Paulinho Freitas


SÃO GONÇALO DE AFETOS


Foto: Reprodução/Instagram
Foto: Reprodução/Instagram

Ainda não eram seis da tarde quando cheguei à quadra do GRES Unidos do Porto da Pedra.


Vários ônibus levando os componentes para o desfile já saíam. Entrei na quadra quase vazia, algumas poucas pessoas ainda ajeitavam sua fantasia. Olhei aquele espaço em que passei, eu e meus companheiros, o ano inteiro respirando samba enredo, fantasia, eventos e ensaios.


Fechei os olhos e vi a quadra cheia, as pessoas cantando e sorrindo numa alegria que só uma quadra de escola de samba tem. É um sentimento inexplicável. As lágrimas que já rolavam sobre meu rosto desde cedo numa espécie de T.P.D. (tensão pré desfile) desabaram de vez sem que eu pudesse controlar. Meus  companheiros de ala foram chegando para pegar nosso adereço de mão que este ano era um belo violão. Os últimos detalhes ajeitados, entramos no ônibus e partimos em busca de um grande desfile. Da ponte Rio Niterói vimos aquela réstia de sol mergulhando no mar dando um amarelo roseado lindo ao horizonte e o Cristo Redentor lá de cima parecia abraçar a todos nós.  



Meus companheiros cantavam e brincavam bem descontraídos. O engraçado é que nesse momento parecemos crianças em excursão de colégio, parece que voltamos muitos anos ao passado. 


Chegando à Presidente Vargas vemos os carros alegóricos da nossa escola. Grandiosos, belíssimos, um Tigre que há muitos anos não via igual, grande, imponente, rugindo forte. Os componentes emocionados já  cantavam o samba numa euforia linda.  


Tinha um cara chato passando toda hora nos tentando feito um espírito ruim gritando a plenos pulmões: _ Água, coca, refrigerante, energético e cerveja! Vai de quê meu chefe? Não se deve beber bebida alcoólica antes do desfile para não correr o risco de cometer alguma gafe. Resistimos à tentação. Até ali nos ajudou o senhor. 


As alas foram formadas, a ansiedade aumenta, é muito tempo parado num mesmo lugar, o coração cada vez mais acelerado. A escola começa a andar, a grande curva se aproxima. O cantor dá o grito de guerra, começa o desfile. À nossa frente o carro alegórico entra na curva de modo errado, bate num poste de sinalização, a tensão aumenta, o coração aperta, parece não aguentar, o carro consegue entrar.


O setor um da avenida é o termômetro do desfile e vem abaixo gritando e aplaudindo,  aquela calorosa recepção nos levou às lágrimas mais uma vez. Passamos pela faixa de início de desfile com toda a Marques de Sapucaí cantando o samba da escola e brincando Carnaval junto com a gente. Nossa gente feliz, a escola magnificamente linda, emocionando componentes e contagiando toda a avenida. A coisa é tão boa, tão envolvente que quando menos se espera se chega à linha final de desfile. Temos que sair rapidamente, a dispersão também conta ponto. As pessoas se abraçam e vibram na certeza de terem cumprido seu papel, foi um lindo desfile.  


Com qualquer resultado, no próximo ano estaremos de volta com a mesma alegria, a mesma força de vontade, levando São Gonçalo para o mundo.  


Lembra do cara chato? _água, coca, refrigerante, energético e cerveja! Vai de quê meu chefe? 


Respondo: _ Uma cerveja, por favor. Merecemos! 


Vivas à vida! 


Vivas ao GRES Unidos do Porto da Pedra!!!!!! 


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Paulinho Freitas é sambista, compositor e escritor.

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