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A simbiose entre Fernando Neves Pinto e o ambiente de São Gonçalo

Por Erick Bernardes


Fernando Neves Pinto nasceu em São Gonçalo e é morador da Trindade. Tem 47 anos e há 25 anos trabalha como Biólogo. Se especializou e em Biologia Marinha e é doutorando pela UFF na mesma área. Atua ativamente nas questões ambientais relacionadas à poluição química e biológica de ambientes aquáticos e terrestres. É casado e sua esposa tem um sítio na Praia da Luz, onde sempre desenvolvem algumas atividades ambientais e sociais.


Ele objetiva dar continuidade aos ideais da finada sogra, Andrea Coelho da Costa, que desempenhava um papel voluntário de líder comunitária. Essa seria uma das principais motivações para Fernando ajudar na conservação da Ilha de Itaoca, uma necessidade de representar a mãe da sua esposa, perante a comunidade, empregando seus conhecimentos acadêmicos e profissionais.



Como você ingressou na carreira de Biólogo da Petrobrás e, em especial, de pesquisador sobre a Ilha de Itaoca?


Ingressei na carreira de Biólogo através de minha iniciação científica no laboratório de Radioisótopos Eduardo Penna Franca, no Instituto de Biofísica na UFRJ. Nesse laboratório, a linha de pesquisa da época era estudar os micropoluentes inorgânicos, como os metais pesados. Um dos primeiros projetos que acompanhei foram duas dissertações de mestrado, desenvolvidos em São Gonçalo, um no Rio Guaxindiba e outro no Rio imboaçu e Canal do Imboaçu, em 1994. Paralelamente a esses projetos da UFRJ, foi criado, na Universidade Salgado de Oliveira, o Projeto Mangue, em Parceria com o Grupo Mundo da Lama da UFRJ. Nesse projeto, eu comecei como estagiário e lá estudávamos os manguezais do entorno de São Gonçalo, principalmente de Itaoca.


Depois me formei e comecei a trabalhar na região Amazônica com a contaminação de mercúrio na atividade de garimpo de ouro. Acabei me afastando das atividades em São Gonçalo. Cheguei a morar em Porto Velho, Rondônia, por conta de um projeto com a questão dos garimpos de ouro em balsas no Rio Madeira e contaminação de DDT pelos povos ribeirinhos (ano 2000), publicado em Reportagem-Rondônia e Reportagem Folha do Estado. Nesse meio tempo ocorreu o acidente da Baía de Guanabara, em 2000, e houve, a partir desse momento, uma mudança radical na questão ambiental brasileira.


Fui convidado a compor uma equipe multidisciplinar no grupo de emergência do CENPES (Centro de Pesquisas do Petrobrás) localizado na UFRJ, onde, juntamente com Químicos e Oceanógrafos, atendíamos à necessidade da companhia em relação aos acidentes ambientais na atividade petrolífera. Fui acionado para alguns acidentes e alguns projetos de remediação de áreas contaminadas com hidrocarbonetos e, felizmente, não mais na Baía de Guanabara. Nesse meio tempo, recebi um convite para dar aulas na Universo da Trindade, para o curso de Biologia, no qual acabei retomando minha relação com os nossos manguezais.


Minhas atividades de campo com os alunos eram realizadas principalmente na Baía de Guanabara e nos manguezais da Ilha de Itaoca. Me desliguei do CENPES e fui compor a equipe do Laboratório de Hidrobiologia – Dept de Biologia Marinha da UFRJ, uma das linhas de pesquisa o monitoramento da qualidade ambiental da Baía de Guanabara, e estudando a região de Itaoca com os alunos da Universo. Desenvolvi um estudo de produção pesqueira através dos currais de pesca durante 2006 /2007. Minha relação com a região é bem familiar e gostaria muito de compartilhar a minha experiência com a população de São Gonçalo e mostrar o potencial que a ilha apresenta.


Qual a sua relação com SG e com as pesquisas que tratam especificamente do município?


Tirando o período que morei em Porto Velho, Rondônia, sempre morei em São Gonçalo. Quando me tornei Biólogo sempre tentei desenvolver atividades em São Gonçalo, mas encontrei resistência. Em 2017, por indicação do Padre André consegui ser inserido nas audiências públicas do MP-RJ, relacionadas ao meio ambiente e, paralelamente, fizemos uma série de reuniões com os Secretários de SG, atentando para a necessidade de criar uma APA em Itaoca.


Em 2017, a Campanha da Fraternidade tinha como tema “Os Biomas Brasileiros”, e como o Padre é responsável pela capela de Nossa Senhora da Luz, ele ficou deslumbrado com a beleza cênica do local. Assim, sabendo que sou Biólogo Marinho e frequentador da Praia da Luz, o padre quis conhecer melhor o lugar. Cheguei a levá-lo ao mangue para explicar a importância desse ecossistema, tanto para SG como para toda Baía de Guanabara. Nesse momento, ele comprou a ideia e, desde então, vem apoiando nesse projeto. Durante essas reuniões, fui apresentado à Promotora de Justiça que responde pelas questões de Meio Ambiente e fui recebido pela Subsecretaria de Áreas Verdes de São Gonçalo, onde fui muito bem recebido e lá tenho interagido bastante.


Ativista ambiental, sim, principalmente em assuntos de São Gonçalo. Político, não, apesar de interagir com alguns políticos, por conta dos cargos e funções - Fernando N. Pinto.


Recentemente, você vem procurando apoio e divulgação em seu projeto de pesquisa e conservação dos sítios arqueológicos e do bioma da Ilha de Itaoca. Fale sobre a necessidade de estabelecer essas parcerias e no que a sociedade pode contribuir com o projeto?


A criação da APA de Itaoca foi um importante passo para se reconhecer a localidade como potencial ecológico. O próximo passo seria conseguir apoio financeiro para implementar os projetos para definição do Plano de Manejo da APA de Itaoca, ou seja, qual seria a real utilização desse espaço. Além da APA, espaço que basicamente engloba as áreas de manguezais, a Ilha de Itaoca apresenta outros pontos importantes a serem protegidos.


O sítio arqueológico Sambaqui Praia da Luz, a capela de Nossa Senhora da Luz, o Poço do Índio, sem falar do potencial turístico e cultural para o Município. Estamos, juntamente com a Associação de Moradores Amigos de Itaoca (AMAII) e a Associação de pescadores de Itaoca a Siri LUZ, tentando apoio financeiro para estruturação dessas Associações e de projetos sociais com geração de renda através da sustentabilidade.


Artigos publicados por nosso entrevistado acerca do seu ativismo:


http://macaeoffshore.com.br/Materias.aspx?id=4351

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,descoberta-de-sitio-arqueologico-e-novo-obstaculo-a-refinaria-do-rio-imp-,897486

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1610200001.htm


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