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O Casamento é um Dois de Paus - por Flávia Abreu


Nos tarôs clássicos e modernos, o naipe de Paus é associado ao Fogo, um elemento natural conhecido por sua imensa força. Cada naipe relaciona-se a um elemento da natureza. Uma breve explicação elucidará a questão.

São quatro os naipes do tarô (Paus, Copas, Ouro e Espadas) e também os principais elementos da Natureza que constituem o Universo (Fogo, Água, Terra e Ar), e cada um traz em si um complexo simbólico, que traduz as principais dimensões da nossa existência: espiritual, emocional, física e mental.


O Naipe de Paus, associado ao Fogo, uma chama espiritual, simboliza o vigor do ser, a criatividade, a vontade, o impulso da ação, a energia vital, o entusiasmo, não um simples querer, mas o desejo real e supremo. O Naipe de Copas é associado à Água e revela nossos sentimentos e nossas emoções, anunciando, assim, os nossos relacionamentos amorosos ou fraternos, e, sobretudo, a nossa intuição.

O Naipe de Ouro relaciona-se ao elemento Terra, ou seja, ao plano material, físico: saúde, dinheiro, a prosperidade, a sensualidade, os bens, o trabalho, a alimentação. Por fim, o Naipe de Espadas, vinculado ao Ar, expressa o intelecto, a inteligência, a razão, portanto, o diálogo; e exprime os desafios. Tal qual a lâmina de uma espada, este naipe corta, é extremamente frio, ignora as emoções e exige frieza.

Os Arcanos Menores do Tarô também contemplam a Numerologia. Pensando num casamento, numa relação afetiva, temos o número dois (um homem e uma mulher, dois homens ou duas mulheres), e ele tem muito a nos dizer.

O número dois carrega uma energia de complementação, extremamente positiva. Representa a dualidade, a harmonia entre os polos positivo e negativo. Carregado de intuição, o número dois contém a energia do símbolo Yin Yang, conceitos do Taoísmo, que abrangem a dualidade de tudo no Universo. É o número da cooperação, da gentileza, da mediação de forças opostas e do equilíbrio.

Construir uma relação a dois com base apenas no naipe de Copas é como nadar em águas profundas, apaixonar-se como um adolescente, não enxergar as limitações do relacionamento e ignorar o futuro. Pode ser perigoso. Nadar cansa; por melhor que seja o atleta, ele tem o seu limite. Águas muito profundas podem matar, pode não dar tempo de vir à superfície tomar um pouco de ar. O casamento que se apoia no naipe de Ouro pode ser bem sensual e satisfatório sexualmente, contudo, talvez fique frio com o tempo. É como gerenciar uma empresa, com uma tabela de contas a pagar e a receber ao lado da cama do casal. Pode-se construir uma bela mansão, mas com uma ala diferente, para que cada um possa viver individualmente.

Embasar o relacionamento somente no naipe de Espadas talvez seja o mais difícil. Se por um lado o diálogo entre o casal pareça perfeito, a vida real vai muito além da interlocução. Debater conceitos é extremamente excitante, no entanto, é preciso colocá-los em prática. O conhecimento não é nada sem a sabedoria. Em uma discussão de ideias, a disputa vaidosa pela razão pode cortar a ternura e sobrepor-se ao afeto, e ainda fazer o casal viver no plano do Ideal, sem concretizar nada. O naipe de Paus, sozinho, também não pode fundamentar um relacionamento a dois. Seus desafios remetem ao elemento Fogo, à impulsividade. Que a descoberta do fogo foi crucial para a evolução da humanidade nós sabemos, todavia, também conhecemos os tipos de acidentes que o excesso de fogo pode causar. O fogo modifica tudo o que toca.

Eu poderia dizer que o casamento se constrói com esses quatro elementos e isso não estaria errado. Seria uma metáfora bastante verossímil e, de certa forma, alentadora. Uma dose de interlocução, um pouco de paixão, uma pitada de razão e de vontade. Parece perfeito, porém, a energia do Dois de Paus me parece a mais importante. A força da Vontade de dar certo, a criatividade para transformar os desafios diários. O Dois de Paus é uma carta que tem muita energia de crescimento porque traz em si o equilíbrio da maior de todas as forças: a força da criação, da construção, do Desejo maior e da superação de todas as dificuldades.


Flavia Abreu é professora e blogueira.





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