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Bruno Souza: 'Analiso a sociedade o tempo todo, isso é uma maldição pra mim'

Bruno César Santos de Souza é um gonçalense apaixonado por sua cidade, e tem no currículo o título de Mestre em História Social pela UERJ e também a formação de Cientista Social pela UFRJ. Seus estudos, palestras e aulas em escolas e colégios têm contribuído muito para a educação e cultura do nosso município. É autor do livro Orgulho e Paixão de uma Cidade: A história do GRES Unidos do Porto da Pedra, pela editora Multifoco. Bruno concedeu muito gentilmente uma entrevista para nós.


Por Erick Bernardes.

Conte para o Daki um pouco da sua vida?


Bom, eu sou uma pessoa comum. No âmbito acadêmico, minha formação é bem ampla, além de História Social fiz Ciências Sociais e também sou apaixonado por Ciências Políticas e Antropologia e Sociologia. Analiso a sociedade a todo momento e isso é como uma “maldição” pra mim (brinca). Se vou numa festa, em vez de eu observar se há alguma mulher bonita, eu olho a desigualdade social e as coisas que me incomodam. É uma maldição de alguma forma, não é? Você também é pesquisador e talvez pense assim também.


Como você ingressou na carreira de historiador e, em especial, pesquisador do carnaval?


Comecei a pensar carnaval mediante o falecimento de um amigo da família do Porto da Pedra. Um dos fundadores da escola, senhor Lelego. Esse senhor pedia pra eu escrever sobre a escola de samba, mas eu não consegui, porque em época de monografia é tudo tão corrido, porém, depois ele morreu e me deixou numa tristeza só. Daí, motivado pela lembrança dele, pensei no trabalho em História Social, trabalho vigoroso. Então entrevistei muita gente.


Recordo de 12 entrevistas só para a monografia. Construindo o esqueleto da pesquisa não como disputa de conhecimento histórico, claro que não, busquei algo imparcial, tudo que se falou durante as investigações fui anotando. O professor Gelson Rosentino me orientou, algo inédito, sobre a Porto da Pedra. Várias editoras me procuraram por causa do destaque na UERJ, entretanto, publiquei o livro pela Multifoco.

Lembro que foram dois lançamentos: um, na Bienal, outro na própria quadra da Porto da Pedra. Foi um sucesso, recordação boa, o livro deu visibilidade à minha pesquisa. Como sou morador do bairro, sempre estive interessado nas histórias da Escola, considerava um ambiente gostoso. Mergulhei na pesquisa com jornais antigos, como O São Gonçalo, por exemplo, e outros também. Usei muito as bases de fontes orais. Já no mestrado, pesquisei o mesmo tema, porém, pelo viés cronológico. Mas, no mestrado, pensei no quanto a Porto da Pedra influenciava o bairro e, ao mesmo tempo, o bairro influenciava a Porto da Pedra. E aí, tenho o orgulho de falar sobre a consistência do meu trabalho que tomou como foco a ideia de que o bairro Porto da Pedra é uma região de solo fértil para questões culturais. Havia festival de balão, Festa Junina da ATN, futebol, pensei no quanto é festivo o lugar. Considerei a geografia física e, sobretudo, a economia, sociedade de maneira ampla, religião e cultura.

Qual a sua relação com SG e com os carnavalescos do município? Você se considera um carnavalesco?


Afirmo que fui infectado pelo vírus cultural do município, tudo em SG me interessa. Sobre a outra questão, não me considero carnavalesco, longe disso, embora tenha ajudado o João do Cubango e eu até já tenha sido diretor cultural da Porto da Pedra por dois anos, me afastei por questões profissionais. Mas carnavalesco mesmo nunca fui, nem pretendo ser.


Você disse que lançou um livro, fale sobre esse seu primeiro livro, já pensou em escrever sobre outros gêneros literários?


Lancei um livro sobre a Porto da Pedra, tenho dois livros em vistas de sair e um terceiro ainda na cabeça. Desses dois livros por sair, um é sobre a formação do carnaval gonçalense e outro é de crônicas e contos com foco nos bastidores carnavalescos. Foi emocionante lançar o livro, quero lançar outros.

Recentemente você esteve no Memorial da Igreja Matriz de São Gonçalo de Amarante e palestrou sobre a importância de se retomar e gerir com qualidade o carnaval de SG, pergunto, quais seriam as atitudes a se tomar por parte dos governantes? Como você, Bruno, agiria acaso tivesse o poder nas mãos?


Trazer as pessoas para o conhecimento, educar a nossa gente, para depois aí sim gerar capital. SG precisa de uns 20 anos de reestruturação e não vejo isso acontecer. Nisso a Porto da Pedra tem papel relevante, nesse recriar, mas a própria escola não se vê como força motriz de reestruturação. Em primeiro lugar, eu investiria na educação, buscaria que o centro social de SG fosse as escolas; onde haveria festas, esportes, tudo isso partindo dos colégios como referência basilar e de filosofia de vida.


Quais seus principais sonhos ou projetos?

Hoje sou professor, além de pesquisador pelo Laboratório da Arte Carnavalesca e pelo Centro de Referência do Carnaval, ambos da UERJ. Auxilio amigos em questões de carnaval, contudo, estou com uma perspectiva de estudar o carnaval de Torres Vedras e o carnaval de Estarreja, Portugal. Intenciono verificar, para o doutorado, a disputa que há entre esses dois carnavais portugueses. Agora é pensar o doutorado, terminar o doutorado ajeitar as coisas direito pra ir pra Portugal e possivelmente fazer uma bolsa sanduíche. Conhecer e pesquisar outros carnavais, ampliar os horizontes, perspectivas novas. Tenho projeto de escrever uma cronologia da Viradouro, algo que vai ser pra mim também muito honroso.


*Quem quiser adquirir o livro de Bruno César é só entrar no site: https://editoramultifoco.com.br/loja/product/orgulho-e-paixao-de-uma-cidade



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