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Um novo olhar no combate as drogas: ganhar o usuário



Tenho como marco da política de repressão a fundação do Comando Vermelho, quando na junção de presos políticos com bandidos comuns, o crime se organizou e, com um ar social à lá Robin Hood, começou sua profissionalização. Desde então outras facções surgiram, a polícia cresceu, as armas se atualizaram e novos equipamentos adotados. Temos uma polícia que utiliza equipamento de guerra e facções criminosas de dar inveja a exércitos de muitos países. Nossa realidade é um ciclo vicioso, sem fim, de novos equipamentos e novas mortes. Vão bons policiais, bandidos, vítimas, famílias.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2014, tivemos 53.646 mortes violentas em 2013, incluindo vítimas de homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, e 490 policiais mortos. No mesmo período, o País investiu R$ 61,1 bilhões em segurança pública.

O combate ao tráfico de drogas é uma questão de estratégia. Mas como desvincular o usuário do tráfico, reduzir o número de mortos e gastar menos? Penso que o primeiro passo é olhar de maneira diferente para o problema. Se o usuário é o principal financiador dessa guerra, então é nele que temos que focar. É o nosso cliente. E o tráfico? O Tráfico é a nossa concorrência. Como no mundo empresarial, é preciso que o Governo fidelize toda a clientela reduzindo o máximo possível o poder da sua concorrência. Como em qualquer empresa, o número de colaboradores reduz com a baixa demanda. Suíça e Holanda já olham para questão desta forma. Liberaram a maconha e descriminalizaram as outras drogas. Os usuários são tratados como enfermos e tem acesso gratuito a doses controladas nos hospitais públicos. Isso garante o uso moderado com redução gradativa, o controle a contaminação de doenças oriundas por troca de seringas e, principalmente, o distanciamento do consumidor com o traficante.

Também precisamos de políticas sociais, acesso à educação, saúde e moradia de qualidade. Investimentos que podem ser fortalecidos com a tributação de impostos sobe a comercialização da maconha como é feito com o tabaco e com o álcool. Assim, garantimos que os jovens que hoje são aliciados pelo tráfico tenham outros caminhos.

Ricardo Garcia é Gestor Administrativo

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