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Quem define o que é arte?

Por Lucas Fortunato

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução


Ninguém define o que é Arte. Nenhuma pessoa, sozinha, poderia emitir um conceito único e verdadeiro do que é ou não uma obra de arte. Essa definição, pelo contrário, geralmente está associada a grupos de artistas, críticos, instituições e até mesmo parte da população, em um determinado contexto histórico e cultural, sendo portanto uma construção variável e coletiva.


Isso acontece porque, ao mesmo tempo em que as relações com e as interpretações sobre cada obra são uma experiência subjetiva, pessoal, entre o objeto e o público; as percepções, concepções e interpretações acerca delas são reflexos de nossa cultura, ou seja, das vivências, memórias e repertório, construídos a partir de nossas experiências coletivas enquanto sociedade. 


Por isso, o fato de uma ou mais pessoas gostarem ou não de determinada técnica, artista, gênero ou produto não faz ou deixa de fazer dele Arte. Por outro lado, as concepções e valores de certa instituição, coletivo ou movimento não devem ser tomados como um padrão único para avaliar todas as expressões e produções artísticas.


O que se deve entender é que esse conceito reflete as visões de um determinado grupo, em um tempo histórico e contexto cultural específico, podendo ou não compartilhar pontos em comum com as nossas concepções, sem desmerecer ou assumir que uma ou outra estão certas ou erradas.


A Arte Clássica, por exemplo, busca um ideal de beleza. Os modernistas requerem mais liberdade de expressão. A arte contemporânea valoriza a diversidade e obras mais conceituais. Essas distinções, porém, assim como diferenças de gênero, estilo e autoria, não implicam em uma hierarquia, tampouco exclusões ou exclusividades acerca de seus valores artísticos. 


Isso significa que qualquer coisa pode ser considerada Arte? Evidentemente não!

Ainda que (quase) tudo tenha potencial para ser explorado, ressignificado e possa servir de inspiração para uma obra de Arte, há determinados pontos que são compartilhados e entendidos como fundamentais para definir os processos e as produções artísticas. São eles, de forma generalizada, a criatividade, a expressividade, a percepção e a contextualização.


Assim, uma obra de Arte é sempre produto da imaginação e criação humana, resultado de sua razão e intencionalidade, organizada e concebida a partir de sua vontade e expressão de sua intenção e sentimento. Toda obra também é sensorial, podendo ser percebida pelos nossos sentidos, seja visão, audição, tato... E por fim, ela é um produto de seu tempo, afinal, a criatividade dos artistas, que se reflete na escolha dos temas e estilos por trás de suas realizações, bem como as interpretações advindas do público, são influenciadas pelo contexto histórico e cultural em que estão inseridos.


Dessa forma, por mais bonita que a consideremos, uma paisagem natural não é uma obra de arte, já que não passou por um processo criativo humano para ser concebida. Por outro lado, podemos expressar essa admiração por meio de pinturas, fotos, vídeos, textos e músicas. Essas sim, inspiradas, produzidas e compartilhadas, como obras de arte em potencial.

 

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Lucas Fortunato é professor de Arte, pesquisador no campo do Cinema-Educação.

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