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A Maldita me ensinou a filosofia roquenrol de vida

Por Helcio Albano

Johnny Massaro interpreta Luiz Antonio Mello, criador da “Maldita”. Fotos: Divulgação
Johnny Massaro interpreta Luiz Antonio Mello, criador da “Maldita”. Fotos: Divulgação


Em tempos estranhíssimos de mal-estar e incertezas, estreia nessa quinta (25) um filme que conta a história da luminosa Rádio Fluminense. Ou Maldita, para os íntimos. Não existe nesse mundo nada mais determinante para a minha formação do que a Maldita. Ela mesma surgida num momento de depressão pós-ditadura.


Tudo o que eu disser nesse espaço sobre a minha experiência com a rádio será miseravelmente nada do que vi, vivi e, principalmente, ouvi, expressão que pego emprestado do jornalista gonçalense Rujany Martins, um dos responsáveis pela compra da emissora pelo sr. Alberto Torres.


Conheci a Maldita voltando da escola num dia ensolarado no Porto Velho quando passei em frente à Adega, primeiro bar 24 horas que conheci onde toda hora era "happy hour". Ali, à noite, conviviam em paz e harmonia malandros, playboys, putas e pequenos transgressores em busca de grandes aventuras.


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Os tempos eram outros. Já não tão ingênuos, é verdade. Estávamos imersos numa dimensão meio onírica e niilista, muito bem captado pelo pós-punk inglês. Que viria criar as condições do BRock através do frescor "new wave" de Blitz e Paralamas, e depois com os temas existenciais das bandas que viriam depois. Todas reveladas pela Maldita, na contracorrente do mercado, criando ela mesma um novo mercado fonográfico muito mais pujante e.... jovem!


A Maldita me apresentou a contracultura e a certeza de que a vida era muito perigosa, porém com muitas janelas e portas que deveriam ser abertas por mim mesmo.


Quer coisa mais roquenrol que isso?


Plus

A Maldita me levou para o pôr do sol no Arpoador antes d'eu conhecer o das Pedrinhas.


Era no famoso bairro da juventude dourada onde ficava a Galeria River, único lugar do Rio de Janeiro que vendia os discos das bandas inglesas que tocavam na rádio.


Depois de ficar sei lá quanto tempo juntando dinheiro despenquei pra lá pra comprar o "disco das laranjas" dos Stones Roses.


Bônus

Foi pela Maldita que conheci o Raul e por tabela o Marcelo Nova, que já ouvia em festas não muito bem frequentadas com o Camisa de Vênus.


Eu já tinha como banda preferida a Violeta de Outono, de SP.


Raul morre em 1989. No ano seguinte, rola um tributo pela morte do baiano no Circo Voador com Finis Africae, A Tribo e... Violeta de Outono!


Convenço um amigo a ir comigo, só com tíquetes de ônibus, na aventura, claro!


Vou para o quarto, junto lençóis e travesseiros em cima da cama, pulo a janela e partiu Lapa!


Foi assim que fui ao Circo pela primeira vez. E sim, fui bem precoce.


Bônus Track

O filme: “Aumenta que é Rock and Roll” é baseado no livro autobiográfico “A Onda Maldita”, de Luiz Antonio Mello


Estreia nos cinemas nesta quinta, 25 de abril.


O longa, dirigido por Tomás Portella, é baseado no livro autobiográfico “A Onda Maldita”, de Luiz Antonio Mello, interpretado por Johnny Massaro (“Os Primeiros Soldados”, “O Pastor e o Guerrilheiro”).


O roteiro de L. G. Bayão acompanha o dia a dia daquele grupo de jovens sonhadores que toparam ir contra a caretice que ditava o padrão das rádios da época e se desdobraram para manter no ar a Fluminense FM – Maldita, que lançou e revelou artistas e bandas que marcaram gerações como Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho, entre outros.


Dado Villa-Lobos, ex-guitarrista da Legião Urbana, é quem assina a trilha sonora do filme.


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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.

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