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Da Uerj à cidade: editora Apologia Brasil faz 10 anos



Editora, fruto de projeto da Universidade, é referência cultural em SG. Acima em recorte de jornal, Alexanddro do Valle, estudante de Letras em 2007, toca no Cultura nos Trilhos com sua banda. Ainda tinha trilhos...

A Editora Apologia Brasil (AB) faz 10 anos de fundação com muitas histórias para contar e comemorar. Nascida a partir de um projeto de extensão universitário de iniciativa de alunos da Faculdade de Formação de Professores (FFP-UERJ), a editora tem em seu DNA o desenvolvimento pleno do leste fluminense, mas com uma caidinha especial por São Gonçalo, onde tudo começou.

- Havia uma geração de estudantes muito boa na FFP no início dos anos 2000. A maioria deles eram moradores das cidades do leste fluminense que se indagavam sobre as suas regiões, dos problemas e soluções que a Faculdade poderia ajudar em oferecer”, lembra Helcio Albano, um dos fundadores em 2008 da editora.

A produção acadêmica e os debates sobre o leste fluminense eram incipientes. A saída para que esse assunto fizesse parte da pauta discussões foi a criação de um grupo de estudos independente, com estudantes de todos os cursos da FFP: Pedagogia, Hitória, Geografia, Biologia, Matemática e Letras. Nascia, então, o Grupo dos Iguais, que criou uma ‘ementa’ paralela de discussões sobre Comunicação e as relações do Estado, Academia, Sociedades Politica e Civil entre si, tendo como pano de fundo São Gonçalo e o LF.

A orientação bibliográfica hegemônica era marxista-gramsciana, mas houve contribuições importantes de anarquistas e liberais clássicos nos debates etílicos na casa do Helcio Albano, no Porto Velho.

- A linha dos departamentos em geral era marxista ortodoxa que já não mais respondia às questões complexas relacionadas à cultura, por exemplo, dentro da realidade brasileira, sobretudo nas periferias, como é o nosso caso. É complicado falar de ‘luta de classes’ nas relações políticas concretas de São Gonçalo - observa Mauricio Mendes, ex-estudante de Geografia, hoje professor e um dos Iguais. Mendes publicou pela AB A república abençoada de São Gonçalo, em 2015.

O primeiro resultado prático do Grupo dos Iguais foi a redação de uma carta intitulada Apologia à FFP-UERJ, que exaltava a importância da faculdade na produção do conhecimento no e para o leste fluminense, além de propor se aproximar e aprofundar parcerias com prefeituras e associações da sociedade civil organizada na área de educação. Da Carta, surge o Projeto Apologia, como forma de institucionalizar as ideias e ações do Grupo dos Iguais dentro e fora da FFP.

- Nós criamos uma espécie de pós-graduação à parte, com direito à sala própria e até bolsas de iniciação científica que nós mesmos fazíamos a seleção com bibliografia própria do projeto e interferência respeitosa dos professores. Uma responsabilidade muito grande, ainda mais quando criamos o jornal Apologia, que circulava em praticamente todas as universidades do estado para divulgar nossas ideias. Foi uma experiência única, de muita liberdade acadêmica, política e estudantil. O PSTU que não gostava da gente (risos). E muito de tudo isso se deve à atuação visionária do então diretor da FFP, Claudio Barbosa, falecido em 2005 - continou Albano, que era estudante de História.

Barbosa, pouco antes de sua morte, propôs a desvinculação da FFP da UERJ e a criação da Universidade do Leste Fluminense (UniLeste), capaz de oferecer cursos de bacharelado além dos oferecidos em licenciatura para atender a demanda reprimida da região. Quem quiser ter formação pública em Engenharia, Direito e Medicina, por exemplo, só tem a UFF.

O ponto alto do projeto foi a criação e a publicação do jornal Apologia em 2004, restrito apenas ao campus da FFP, e logo depois, na quarta edição já em formato tabloide, distribuído em todo o estado do Rio de Janeiro.

- Éramos o único jornal estudantil periódico do Rio, e isso dava um orgulho danado além de muita inveja do pessoal de Comunicação Social da Uerj Maracanã”, rememora, às gargalhadas, Mauricio Mendes.

- A gente invadia o hall de entrada da PUC, com jornal na mão, gritando: É São Gonçalo! como um grito de guerra do Funk. A playboyzada pirava com a gente, com um jornal que eles não tinham, de ótima qualidade e feito pelos caboclos do outro lado da poça”, narra Fábio Fonseca, ex- estudante de Letras que também participou do projeto à época e que tem um livro publicado pela AB em 2013, Natureza biográfica.

Os eventos promovidos fizeram história, como o Cultura Nos Trilhos (foto que ilustra a matéria), que reunia discussões sérias sobre mobilidade urbana e muita curtição - com direito a shows de roquenrol e torneio de sinuca - e o primeiro e único debate sobre o Comperj realizado no auditório da FFP em 2006, quando o pré-sal tinha acabado de ser anunciado e quando o empreendimento era como promessa de solução para todos os problemas da região.

A editora Apologia Brasil nasce com esse espírito efefepiano-uerjiano, e mesmo numa terra árida para empreendimentos culturais, a AB vem cumprindo o seu propósito de disseminar cultura, educação e informação. Nestes 10 anos a editora ajudou e fez parcerias com músicos e escritores para divulgar a sua arte. Gente do naipe de Rodrigo Santos, Narducci, Pakkato (Os Tavernistas), J. Sobrinho, Mário Lima Jr. e a rapaziada do Diário da Poesia estão no catálogo da editora.

Outros tantos colaboradores escrevem regularmente para o Jornal Daki, mantido pela AB: Flavia Abreu, Rafael Massoto, André Siqueira, Matheus Giimarães, Marcos Moura, André Santana, Alex Wölbert, Cristiana Souza (...).

Ao longo do ano continuaremos a contar essa história tanto em nosso jornal impresso como em nosso site.


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