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Lei não deixa claro se ser esposa do pastor é bom ou ruim

Por Helcio Albano





Todo mundo essa semana viu a publicação no Diário Oficial da lei que institui no Calendário Oficial do Município de São Gonçalo o "Dia da Esposa do Pastor". Rapidamente, o print da lei aprovada na Câmara e promulgada pelo prefeito Nelson Ruas (PL) no D.O., ganhou as redes sociais e as reações dos gonçalenses variaram entre surpresa, estupefação e a troça.


Teve até gaiato sugerindo a criação do "Dia da Mulher do Padre" como compensação ao inusitado que agora compõe o calendário oficial de eventos na cidade.


Eu fui atrás da história e descobri algumas coisas interessantes. A proposição, que tem como justificativa homenagear "as esposas de pastores da cidade, tão importantes no meio evangélico no qual é fundamental o reconhecimento da dedicação daquelas que defendem e apoiam a vida com Deus ao lado do seus esposos"(sic), não partiu de nenhum fundamentalista da "bancada da Bíblia" no parlamento, mas do vereador e ex-presidente da Câmara, Diney Marins (Pod), sem histórico de ter em sua carreira política o "povo da igreja" como base eleitoral.


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Porém, no mesmo dia da votação e aprovação do Projeto de Marins, em 9 de abril, outra proposta era chancelada pelos edis, a que criava o Calendário Oficial em si, de autoria do vereador Vinicius (União), uma notória e influente figura do evangelistão gonçalense, que hoje deve representar algo em torno de 50% dos votos no município. Isso lhe dá um enorme poder de barganha no jogo político pra fazer avançar suas pautas, não necessariamente com sua autoria.


Se me surpreendi? Não, estou em São Gonçalo.


Só não entendi bem uma coisa: ser esposa do pastor é bom ou ruim?


Plus

A propósito, o tal dia em homenagem à esposa do pastor é muito comum no meio evangélico, sobretudo nas assembleias de Deus, mas incomum em municípios. O primeiro que se tem notícia a instituí-lo foi o município de Coronel Fabriciano (MG) em 2015, o que chamou atenção do jornal Extra.


A proposta, da então vereadora evangélica Andréia Botelho (PSL), tinha como justificativa reconhecer a dedicação “daquela que defende e apoia a vida com Deus ao lado de seu esposo”.


Ou seja, a lei de São Gonçalo é um copia e cola da de Coronel Fabriciano.


Bônus

Em 2022, foi a vez do estado do Rio, o mais evangélico do país, instituir a data no seu calendário oficial com a sanção da Lei, de autoria do deputado Rosenverg Reis, pelo governador Cláudio Castro.


Bônus-Track

Os evangélicos de cepa autoritária não vão parar até conseguir o que querem: uma teocracia.


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Helcio Albano é jornalista e editor-chefe do Jornal Daki.

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