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Casa do Funk é invadida, roubada e vandalizada pela 15ª vez em São Gonçalo

Caso aconteceu na madrugada deste sábado, 27


Por Cláudio Figueiras

Futuro do projeto é incerto/Foto: Divulgação
Futuro do projeto é incerto/Foto: Divulgação

A Casa do Funk, mantida pela Associação Rede Funk Social, instituição de cultura que realiza diversas ações sociais no bairro do Boaçu, em São Gonçalo, foi invadida, roubada e vandalizada na madrugada deste sábado (27), pela 15ª vez desde o início das suas atividades em 2015.

Já é o segundo roubo apenas no mês de junho.

A denúncia foi feita hoje pela manhã pelos diretores da Associação, Priscila Gomes e Renato Sousa, o MC Patrão.


- Mais uma vez a primeira ONG de Funk do mundo foi roubada! Eu já estou exausta, de verdade! Só esse mês entraram no projeto para roubar 2 vezes! Em plena pandemia, a gente tentando arrumar a casa para o retorno de nossos jovens. Quem está de perto sabe a nossa dificuldade, a nossa correria. E mais uma vez tiveram a coragem de fazer isso! - desabafou no seu perfil do Facebook Priscila Gomes, que é conselheira de Cultura do município.

Várias pessoas que conhecem de perto o projeto, que atende centenas de jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social, se solidarizaram com a instituição em suas redes sociais, e pediram ajuda para o projeto continuar de pé, como a psicóloga e produtora cultural Kássia Rapella.

- O REDE FUNK é um projeto de/para as juventudes de SG que fica na periferia e usa o funk e seus desdobramentos como patrimônio cultural e transformação social. É um projeto de favelados para favela e quase já não tem incentivo nenhum no sentido financeiro. Em menos de um mês foi assaltado 2x. Dessa vez levaram muito da estrutura deles. Quem estiver disposto a ajudar de alguma forma, faça contato com a Priscila Rfs ou comigo mesma que repasso a ela - disse.

O jornalista e editor do Jornal Daki, Helcio Albano, entusiasta do Rede Funk Social, também se manifestou no seu Facebook nesta manhã:

- Fico sabendo que a sede da rede funk social, da querida Priscila Rfs foi roubada, vandalizada, pela DÉCIMA QUINTA VEZ! Os caras, potenciais beneficiários do trabalho da instituição, invadiram o espaço, uma antiga escola estadual, pra roubar tomada, fio, ferramentas usadas nos cursos que ali são ministrados - disse Albano em trecho da postagem. E arrematou:

- Sim, é a miséria autofágica. A RFS atende centenas de jovens da região do Boaçu, carente de tudo, já sabemos. O funk, expressão cultural da maior importância, é apenas um pretexto de atração da juventude, que pode ter no espaço acesso à cultura, cursos profissionalizantes e, principalmente, abrigo e afeto. Abrigo e afeto cidadão. Salve, Priscila! Salve, Patrão. A volta por cima darão! Tamo junto!

De acordo com Patrão, marido de Priscila, foram levados da sede todos os equipamentos da instituição, além de ter ocorrido danos graves à infraestrutura do prédio, o que inviabiliza o retorno de suas atividades, já muito castigadas com a pandemia.

- Não tem mais nada pra roubar. Já foram duas geladeiras, fogão, forno elétrico, todos os fios de luz, cano, de água, caixa de água, ferramentas de trabalho, TV, maquita, baldes, caixa de som, ventiladores, ar condicionado, motores das freezers , caixa de copo de vidro fechado, lâmpadas, espelhos, cadeiras, pias de banheiro, portas, telhas, TUDO! Estávamos reformando tudo para o retorno das atividades. Mas TUDO foi perdido! Somos hoje, em plena Pandemia, um barco em alto mar à deriva, estamos sem luz, sem água, e sem norte - lamenta.

O caso foi registrado na 74ª DP no Mutuá, que ficará responsável pelo caso.

O Rede Funk Social foi criado em 1999. A Casa do Funk seria fundada em 2015, no antigo Colégio Estadual José Augusto Domingues, desativado pelo estado e cedido à Associação, que então o transforma em sede do projeto de modo a inserir a comunidade do Boaçu em ações de cidadania, arte, cultura e lazer no novo espaço.

Antes da pandemia, a Casa do Funk vinha oferecendo aulas de canto, DJ e de dança, o irresistível passinho, além de cursos profissionalizantes para a comunidade.

Com o roubo dos equipamentos, o futuro do projeto é incerto.



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