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Qual lado você está na História? Por Karla Amaral


Manifestação dos trabalhadores rurais sem terra em Eldorado dos Carajás em abril de 1996. No Mesmo mês 21 deles tombariam pelas mãos da polícia do Pará. Eles só queriam um pedaço se chão para morar e trabalhar/Foto: Reprodução
Manifestação dos trabalhadores rurais sem terra em Eldorado dos Carajás em abril de 1996. No Mesmo mês 21 deles tombariam pelas mãos da polícia do Pará. Eles só queriam um pedaço se chão para morar e trabalhar/Foto: Reprodução

Nós, brasileiros, estamos imersos numa crise econômica, social e principalmente política há alguns anos. Esta crise vem afetando as estruturas de nosso País. Ela vem se arrastando. Ela é dolorida. E mais: ela se apresentou mortal a partir da gestão da pandemia. Esta crise nos tirou o brilho, a alegria, o prato de comida, o emprego estável, a aposentadoria justa e o mais penoso: tirou-nos a vida. A vida de mais de 500 mil brasileiros.


Uma vez ouvi uma grande educadora num momento importante de posicionamento ético-político no trabalho a seguinte frase: “Que a História nos perdoe!”. Aquela frase soou para mim com um peso e um incômodo tão grande que fica na minha cabeça até hoje. E quem é a “História” para ter ela que nos perdoar ou não?



A História, dentre distintas definições, pode ser entendida como a ciência que estuda o homem e sua ação no tempo. A História não é somente uma sucessão de eventos, ela manifesta a vida em cada acontecimento descrito e interpretado criticamente. A História é, sobremaneira, dialética. Através da História existe um diálogo entre os homens do passado e os homens do presente. Este diálogo nos permite enquanto sociedade nos localizar no mundo. Tal qual um leme para nos guiar no presente e dar sentido ao passado. A História não é morta, ela é viva! E todos nós estaremos registrados nela porque a constituímos.

Diante disso, as reflexões surgem para compreender nosso lugar no mundo. Um lugar posicionado a partir do coletivo, no que afeta o outro. Qual seria nosso papel hoje na sociedade? O que de tão crucial nos caracteriza enquanto sujeitos nesse processo? Que marca deixaremos ou como seremos marcados? Que lado nos posicionaremos na História? Essas indagações significam lançar um olhar para as implicações do que fazemos para nós e para a sociedade.



São tantas perguntas sem respostas. Pelo menos não há respostas imediatas. Mas há caminho e rota para trilhar. Não dá para passar pela História sem se incomodar, sem ser instigado e sem sair do lugar. E isso leva a uma busca, curiosidade, inquietude, compartilhamento, interação, reflexão e coragem para mudar. Mudar nossa forma de ver as coisas, já moldadas pelo nosso passado e nossa capacidade de resistência. E você, que lado está na História?

Karla Amaral é psicóloga e escreve para o Daki aos domingos.




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