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Você acredita em racismo reverso? Por Karla Amaral


Reprodução Twitter Folha de S. Paulo
Reprodução Twitter Folha de S. Paulo

Nesta semana a coluna da Folha de S. Paulo, intitulada “Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo”, do antropólogo Antônio Risério, ganhou destaque no debate público graças ao conceito falacioso de racismo reverso. Mas que significado este conceito carrega? A quem serve este discurso? Você acredita em racismo reverso?

Em primeiro lugar fui buscar o artigo para ler. Sim! É importante compreender a forma como as ideias dessas pessoas são desencadeadas, que argumentos eles utilizam e como podemos, a partir disso, contrapor este discurso. Vou aqui apontar questões levantadas na coluna e trazer à luz algumas reflexões.


O autor argumenta que pretos hoje dispõem de poder econômico ou político para institucionalizar seu racismo contra brancos (o que ele chama de racismo preto antibranco). No entanto, o que as pesquisas apontam é que a desigualdade racial é questão central do Brasil desde seu período colonial. As pesquisas do IBGE entre 1986 até 2019 mostram que "pessoas brancas têm mais renda, mais escolaridade, moradias mais salubres e seguras, têm mais de tudo que é bom, e menos de tudo que é ruim” (IPEA, 2021). Que poder econômico ou político o autor se refere quando os números apontam o contrário e aquilo que vemos a olho nu também. Qual é a cor da população carcerária no Brasil? Qual é a cor dos parlamentares brasileiros?

Ele vai além e diz que no Brasil existe um projeto ‘supremacista negro’. Suas argumentações são tão absurdas e racistas que além de negar a dimensão do poder histórico, político, social e econômico no racismo, ao mesmo tempo nega a história brasileira de escravização onde pessoas não eram tratadas como seres humanos. Negar a nossa história é conveniente para aqueles que preferem não compreender como as mazelas vivenciadas pelos negros estão presentes nos dias de hoje. Nossa história é contada sob o prisma da realidade violenta e incômoda, já que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão no Ocidente.

A negação do racismo, segundo Grada Kilomba, é usada para manter e legitimar estruturas violentas de exclusão racial. É extremamente grave que em pleno 2022 um jornal de grande circulação conceda espaço e visibilidade para ideias e pessoas que querem manter e legitimar as estruturas violentas de exclusão racial.

 

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Karla Amaral é psicóloga e escreve para o Daki aos domingos.




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