top of page

Maria Paula e uma versão mais adequada, por Erick Bernardes


Fonte: Câmara Municipal de São Gonçalo
Fonte: Câmara Municipal de São Gonçalo

O barato da vida são as surpresas com as quais nos deparamos, vez ou outra surge nova narrativa que nos faz desconstruir pensamentos e abrir mão de entendimentos equivocados acerca da história local. O caso de Maria Paula, aquela que deu nome ao bairro bimunicipal, é um típico caso desses, não raramente referem a ela como alguém que em outros tempos foi ama-de-leite de Dom Pedro II.



Noutra versão, a narrativa chega ao ponto de mencionarem-na como ex-prostituta de prestígio entre os ricos por causa de alguns jogos de influência. Há ainda quem afirme ter sido ex-escravizada e conquistado privilégios na sociedade. Contudo, quando se lê outra história mais embasada sobre essa personagem, saímos um pouco da paranoia dos “achismos” causados pela carência de dados. Sim, existe versão mais plausível e provável. Vejamos:



Li recentemente que Maria Paula Azeredo Coutinho Duque Estrada da Mota foi muito mais do que responsável ou motivadora da criação do topônimo gonçalense municipal. Verdade, teria importância enorme na região, além de dar à localidade um nome de bairro, embora sua atuação na sociedade pareça esmaecer e se esvair da história oficial.



Postula-se haver uma enxurrada de equívocos acerca da personagem, pois Maria Paula teria herdado parte daquele chão homônimo doado a ela por serviços prestados à família imperial. No entanto, o caso é outro, bem mais fidedigno de se falar. De acordo com o historiador Luciano Tardock, para o site da Câmara Municipal de SG, corria sangue fidalgo nas veias da personagem. Descendia de duas famílias imponentes da região: os Azeredos Coutinhos e os Duques Estradas. As famílias eram donas de “terras influentes em diversas partes do Rio de Janeiro desde o período colonial”. No século 18, os Azeredos Coutinhos “foram perseguidos pela Inquisição que passava por São Gonçalo, acusados de Judaísmo. Já os Duques Estradas também eram membros da elite local e muitos foram donos de terras em São Gonçalo, como é o caso das fazendas Boa Vista e Cabuçu".



Viu como às vezes a verdade contém muito mais glamour que as falácias históricas? Pena é haver pouco registro acerca dessa senhora de renome. Sabe-se que, após a morte do esposo, Maria Paula teria vendido parte das suas propriedades e vivido das economias as quais conseguiu juntar. Enfim, uma mulher, um bairro, uma história, uma vida ainda por ser se descortinada.


Fonte: http://www.cmsg.rj.gov.br/ccpc/maria-paula-dona-de-terras-e-de-sobrenomes-poderosos/

Erick Bernardes é escritor e professor mestre em Estudos Literários.





POLÍTICA

KOTIDIANO

CULTURA

TENDÊNCIAS
& DEBATES

telegram cor.png
bottom of page