Mineirinho: um produto gonçalense - por Erick Bernardes
Recordo da narrativa acerca do momento em que o dono da fábrica gonçalense de refrigerantes se encaminhava ao banco no qual meu pai trabalhava. Ele chegava de chinelos, boné, camisa em desalinho e o jeito simples de quem leva a vida naturalmente. Dessa maneira mesma o senhor Eugênio Auvray, proprietário fundador da empresa Mineirinho, gostava de ser atendido.
— Ele não andava arrumado, papai?
— De jeito nenhum. E ainda guardava o dinheiro numa lata velha de leite em pó e carregava em sacola de supermercado. Tinha medo de ser assaltado quando ia fazer depósitos bancários. Disfarçava a bolada de dinheiro que transportava. Diziam ser mania de velho
Bem, eu jamais imaginaria a importância do senhor Auvray para São Gonçalo. A fábrica de refrigerantes Mineirinho foi fundada em 1946, no estado de Minas Gerais. Posteriormente a indústria migrou para Niterói e só então, anos mais tarde, se fixou em São Gonçalo. Já são mais de 70 anos produzindo seus inigualáveis refrigerantes a base do extrato da erva chapéu-de-couro.
Fontes explicam que o chapéu-de-couro com o qual se produz o refrigerante é cultivado na região de Tanguá, pertinho de Itaboraí. Aliás, dizem que essa é uma planta medicinal, possui propriedades diuréticas e outras qualidades mais.
De acordo com o site Oficina de Ervas: o chapéu-de-couro para efeito terapêutico "pode ser consumido na forma de chá, tintura, cápsulas e extrato fluido. Em casos graves de doenças mais agudas, onde se deseja uma resposta rápida, é mais recomendado o uso do extrato fluido. Em casos crônicos o uso do chá pode ser uma excelente alternativa" (s/p, 2021).
Uma sacada de gênio a ideia de engarrafar o líquido derivado do tal vegetal e transformá-lo em bebida de ótimo sabor. O Mineirinho não tem concorrentes e é a cara de SG. A sede da fábrica fica no bairro Santa Catarina, uma empresa de tradição e cheia de histórias para contar.
Erick Bernardes é escritor e professor mestre em Estudos Literários.
