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Jornalista Jairo Mendes, nome de Rua em Itaipu



Eu me lembro de Jairo Mendes, preso político perseguido e torturado, de quando trabalhava no jornal Última Hora e era presidente do Sindicato de Jornalistas de Niterói e São Gonçalo. A redação do jornal ficava na Rua São Pedro, no centro, e nós morávamos na Rua Barão do Amazonas, próximo do seu trabalho.

Às vezes, Jairo, meu pai, saía de casa, com destino à redação ou a outro lugar, então, em alguma esquina, um conhecido lhe abordava e começavam a conversar. Chegava uma terceira pessoa e, até mesmo uma quarta e formava-se uma “rodinha” de bate papo, quase sempre na Avenida Amaral Peixoto, principal via central da cidade. Os assuntos eram sempre Sindicalismo, Política e Imprensa.

No sindicato, lutou por melhorias para a sua classe, inclusive conseguiu financiamento público para aquisição de casas próprias para vários profissionais de imprensa e veio a falecer, pobre, doente e morando em casa alugada, no bairro do Galo Branco.

Após 1968, na época da repressão violenta, eu, com mais ou menos 16 anos, ouvi o único comentário dele, sobre a vida lá, dentro da cadeia. Meu pai disse que o preso novo, aquele que chega, precisa “levantar a moral” do companheiro, que está ali, humilhado e fragilizado. Nesses momentos, a mentira é a maior benção que se pode dar a um ser humano: dizer que aqui fora, estava tudo ótimo, a sociedade revoltada, a ditadura enfraquecida ia cair a qualquer momento e todos voltariam para suas casas, em muitos breves dias e estariam com os seus familiares.

Foi um tempo de verdadeiros guerreiros e não os “guerreiros de causas próprias”, dos dias de hoje.

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