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Do lado de cá do alambrado



Em 23/05/2015 fui ao Estádio de futebol Alziro de Almeida (Alzirão), Itaborai, para assistir a Gonçalense F.C x Americano, num jogo válido pela quinta rodada do Carioca Série B.

Às duas e cinquenta da tarde, torcedores do Tricolor afinavam surdos e tantãs. Em menor número, a torcida do time adversário se acomodava num canto que lhe era destinado na arquibancada. A imprensa posicionava as câmeras, testava os microfones e averiguava a escalação das equipes. No gramado, os jogadores aqueciam enquanto o trio de arbitragem conferia as condições da bola, das redes e do gramado.

As três, o juiz assoviou, permitindo assim a primeira botinada na bola. Com a pelota rolando e os instrumentos devidamente afinados, a torcida do Gonçalense começou a entoar seus cantos satíricos. A partir dali, ninguém seria poupado de sua criatividade. Em se tratando de futebol, os torcedores deixam a Ética do lado de fora do Estádio. Xingamentos, insultos, gritos, tudo isso ocorre com muita naturalidade. Os torcedores entoavam as trovas indecorosas como se estivessem numa ópera italiana. Haja spray de romã com gengibre para resgatar as cordas vocais, escapeladas ao longo dos noventa minutos de bola rolando.

O juiz da partida, a mãe do juiz que apitaria a partida, integrantes da torcida adversária, jogadores da equipe adversária, policiais que faziam a segurança, repórteres que cobriam o jogo... ninguém ficaria isento das provocações da Organizada do Gonçalense.


Uma das maiores punições que podem ser aplicadas a um Clube é fazê-lo jogar com os portões fechados à torcida. Jogo sem torcida não é jogo, é treino; no máximo, um jogo-treino. Se não houver torcedor no jogo, pra quem e por quem o jogador vai entram em campo? Pra quem vai exibir sua chuteira verde musgo-néon-fluorescente? Pra quem vai dedicar o gol?

Apesar da equipe do Gonçalense ter sido superior à adversária (teve maior posse de bola e criou mais oportunidades claras de gol) o jogo terminou 1x1. Ahhhh. Mas ficou comprovado que esse papo de que a torcida só quer ver gol não passa lengalenga.

O torcedor vai ao estádio para ver gol, mas também defesas acrobáticas do seu goleiro,

desarmes salvadores dos zagueiros, arrancadas quilométricas dos “volantes”, dribles desconcertantes do seu camisa 10 e, finalmente, o gol, que no decorrer dos noventa minutos... pode ser apenas um detalhe.

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