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O gonçalismo e os gonçalenses



Não sou gonçalense e muito menos fervoroso seguidor da seita do gonçalismo. Vou explicar. Sou do Porto Velho nascido na Tijuca e sempre tive uma raiva entranhada por Sâo Gonçalo. Não gostava daqui e dane-se tudo. Até ir fazer o curso de História ali na FFP-UERJ que me obrigou a viver nesse purgatório de cidade. Assim pensava e por favor não pare por aqui. Valeu.

Eu e alguns amigos, dos quais cito aqui de cabeça, Mauricio Mendes, Joyce Braga, Fábio Fonseca, Felipe Callado, Caíca... (ô! maryhuana!); sei lá quantos mais, estávamos fazendo um curso de graduação para o magistério a adentrar no mágico mundo de não formar ninguém para coisa alguma. Pelo menos tivemos a virtude de naquele momento desvelar a nós mesmos o cinismo em que estávamos enroscados.

Aí entra São Gonçalo e sua gente na minha vida. Com o apoio de um cara mais maluco (ou visionário) que a gente, o saudoso Claudio Barbosa, diretor da Faculdade, que aliás faz dez anos que não aparece, criamos um projeto subsidiado pela UERJ a olhar pra Gonça City do jeitinho que ela era: feia, muito feia. A nossa raiva, e particularmente a minha raiva, nos levou adiante a descobrir o porquê de tanta feiura: a pobreza.

O gonçalismo lá de cima que invoquei vem da condição de pobreza de quem vive aqui. Uma cidade empobrecida há quatro décadas gerou um individualismo de gente muito tacanha e medíocre que, em vez de meter o pé, como quase a totalidade da classe média da cidade nos anos 80 e 90, mamou nas tetas magras do erário público, gerando um exército de famintos que se reproduziu em sua própria inanição.

O gançalense médio é pobre e sofre de nanismo político e raquitismo cidadão. Daí o gonçalismo alimentado pelos políticos que vem da mesma lavra, desse mesmo sulco de sociedade. Esse gonçalense coloca tudo no mesmo balaio do gonçalismo construído, e isso é f... de descontruir. O gonçalismo se faz e refaz de sua eterna vitimização. Trocando em miúdos, somos uns merdas e nada de bom vem de gonçalenses.

E se nada de bom vem de nós mesmos, tudo é permitido e perdoado nesse narcisismo às avessas. Em se tratando de política o povo brasileiro é meio masoquista mesmo. Ok. Mas o masoquismo gonçalense sofre requintes de auto-imolação e de auto-flagelação. Tudo para se manter as coisas (ruins) exatamente como estão e assim a cidade vai vivendo por osmose. Chega, né!?

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