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Efeito Bolsonaro? Cresce procura por aulas de tiro em Niterói


Vários motivos levam civis e até militares a procurar a autodefesa armada


Procura aumentou 30% em uma ano. No Rio, existem 20 clubes de tiro/Foto: Divulgação

A escolha de Jair Bolsonaro (PSL) como o novo presidente do Brasil e a possibilidade de mudanças na legislação de controle de armas (uma das prioridades do futuro governo) levaram clubes de tiro de Niterói a registrar, nos últimos dias, um aumento na procura por cursos que capacitam cidadãos para utilização de armas de fogo. A revogação da lei, facilitando a posse de armas, integra o plano do próximo governo.

“As pessoas têm ligado mais para cá perguntando se podem fazer o curso e aprender sobre o uso correto de armas. Ao comparar o último mês de outubro, com o do ano passado notamos um aumento de 30% na procura pelas armas”, declarou o proprietário da Nit Army, Fábio de Oliveira.

O instrutor do Clube de Tiro Army, em Niterói, Alexandre Santos, destaca também que aumentou, em cerca de 30%, o número de pessoas matriculadas nos cursos oferecidos pelo clube de tiro. Ele trabalha com armamento há 11 anos e afirma ainda que o assunto precisa ser mais debatido, para que seja desmistificado.


“Não concordo que foi só a eleição do presidente que movimentou o mercado. O aumento da violência é o principal incentivador para que as pessoas procurem uma defesa. O cidadão civil que nunca teve contato com armas têm procurado mais os treinamentos, contudo, ainda são bem cruas nesse assunto. É necessário deixar claro que atuamos na formação de policiais militares, com 100% de atenção do instrutor que atua conforme um personal de tiros e ensina desde o básico até os tiros com obstáculos”, declarou Santos.

O coronel da reserva do Exército, Mário Fárias, disse que decidiu buscar o clube de tiro após entrar para reserva. Ele disse que já viu a morte de perto duas vezes em assaltos e ele decidiu que, dali em diante, seria o responsável pela própria segurança. Além dessa questão, encontrou a paixão por um esporte.

“Eu quis aprender a atirar para me defender. Mas quando você tem a chance de conhecer o tiro desportivo, acaba encantando com todos os benefícios trazidos: mais autoestima, melhora na concentração e o raciocínio aflorado”, destaca Fárias.

Segundo informações, no clube, o curso custa R$ 1 mil, de acordo com o tipo de treinamento e o nível de aprofundamento. Cursos para iniciantes, por exemplo, têm carga de 5 horas (podendo variar), ministradas no mesmo dia, e incluem aulas teóricas sobre normas de segurança, legislação, fundamentos do tiro e mecanismos de funcionamento de pistolas e revólveres. Os alunos têm direito a até 80 disparos, além da arma, alvos, munições e materiais de proteção individual e certificado.

Alexandre Santos explica que há duas formas de se adquirir legalmente uma arma no Brasil: por meio da Polícia Federal, para defesa pessoal, onde a arma só pode ser mantida no interior da residência ou no local de trabalho; e pelo Exército, para uso de atiradores desportivos, com o trânsito autorizado da casa ao local de uso. Em ambos os casos, deve-se obedecer a requisitos legais da Lei federal nº 10.826, de dezembro de 2003. Também cabe ao Exército a fiscalização nos clubes de tiro, que precisam cumprir as normas.

“O Curso Básico de Tiro: Manuseio de Revólver e Pistola é indicado aos iniciantes na prática do tiro. Pessoas que nunca tiveram contato com armas de fogo, ou que já manusearam, mas estão em busca de mais informações e aprimoramento. O curso é indicado também aos atiradores que não praticam o tiro há muito tempo, e querem ‘atualizar’ seus conhecimentos a respeito deste assunto”, diz Santos.


Na Nit Army, o aluno tem a oportunidade, em um só curso, aprender a manusear e atirar com duas armas distintas: o revólver e a pistola, e ainda comparar as vantagens e desvantagens de cada armamento, de forma totalmente didática e segura. O Curso é dividido em duas etapas, a teórica, realizada em sala de aula, abordando o conteúdo abaixo. A outra etapa prática, é realizada no estande, com exercícios de tiro real com revólver e pistola, em séries de tiro em diferentes distâncias.

Hoje, segundo ele, para obter a posse é preciso ter mais de 25 anos, ocupação lícita e residência certa; não responder a inquérito ou processo criminal e nem ter sido condenado; comprovar capacidade técnica e psicológica e declarar efetiva necessidade da arma. Já o porte é proibido para pessoas que não integram forças militares e de segurança. Segundo dados levantados por Rildo, o estado tem hoje cerca de 20 clubes de tiro.

Entre as mudanças sugeridas na revogação da lei, o projeto reduz a idade mínima para 21 anos, habilita quem responde a processo criminal, desde que não seja por crime doloso, e retira a obrigatoriedade de apresentar uma necessidade para ter a arma. Para a revogação, é preciso que a nova lei seja aprovada no Congresso, por maioria simples, passe sem alterações pelo Senado e receba a sanção do presidente.

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