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Blackout, o gente boa! Por Paulinho Freitas

SÃO GONÇALO DE AFETOS



Reprodução Internet
Reprodução Internet

Acho que já falei sobre Jandir Lamparina por aqui. Se não falei, em breve você vai conhecê-lo. Hoje gostaria de falar sobre Blackout, irmão do meio de Lamparina que viveu há alguns anos ali pelos lados do Paraíso num tempo em que a Faculdade Paraíso era o famoso Ginásio Paraíso com suas lindas estudantes, filhas da classe média local, a famosa Padaria de Celso, ponto de referência quando se quer dar um endereço por ali era o Armazém Modelo, onde Seu Nelson tinha o melhor café moído na hora da região. Tinha também a quitanda do Seu Armando; o primeiro supermercado da região, o Cerais Gradim e ainda as padarias do Seu Abel e Seu Joaquim que disputavam o posto de pão mais gostoso do bairro. O bairro Paraíso sempre respirou e inspirou histórias e poesia.



Nosso querido Blackout era solteirão e fazia biscates para sobreviver, grande contador de causos, violeiro dos bons e namorador por demais era querido e amado por todos, principalmente pelas quarentonas e cinquentonas ávidas por ouvir suas histórias e promessas de amor eterno que jamais se cumpriam.



Nosso querido Blackout enrabichou-se por Tereza, uma sardenta de cabelo de fogo que morava ali pelos lados da Rua Mauá, no Porto Velho, já tinha netos, mas a idade lhe fez muito bem. Aqueles olhos grandes e negros enfeitiçaram o velho Blackout a ponto de leva-la para casa e tentar construir com ela uma parceria para compor uma vida a dois para sempre. As outras “meninas” ficaram desoladas.


Ocorre que essa menina, a Tereza era levada da breca e não conseguia ficar com a metade do mundo quando podia ter o mundo inteiro só para ela e também se enrabichou com Irenio, um peixeiro lá do Porto Velho que também era um tremendo Dom Juan deixando nosso Blackout na solidão, choroso e infeliz apesar dos colinhos, carinhos e afagos recebidos das amigas de fé.



Tereza não esquecia Blackout e volta e meia, nas conversas com o Irenio falava o nome dele. Desconfiado Irenio foi tirar satisfação com o Blackout, deu até uns empurrões no pobre. Quando a mulherada ficou sabendo do ocorrido deram uma coça no valentão e botaram pra correr também a Tereza, pivô da desavença. Irenio jurou vingança.


O boato que Irenio queria pegar Blackout correu pelo bairro e num domingo quando Irenio chegou à Quadra do Forte para jogar seu futebol o jogo parou e jogadores, juízes e torcidas deram uma carreira no pobre do Irenio que já não podia ir ao Paraiso sem levar uma coça.



Certa feita, Blackout consertava um telhado na casa de um policial quando Irenio passou na rua e disse que quando ele descesse ia ganhar uma coça. Não prestou, quando o policial chegou sua mulher contou ao marido que foi ao encontro de Irenio e disse que se Blackou ficasse gripado ele podia encomendar sua alma ao criador porque a culpa seria dele e não haveria perdão.


O Irenio passou a vida correndo de Blackout que pensava que este tinha medo dele. Na verdade ele nem sabia o quanto era querido e amado pelo povo do lugar. No velório de Blackout as mulheres de preto eram maioria e ele, no caixão, sereno, parecia sorrir de feliz.


Ôh meu São Gonçalo! Como te amo!!!!!!!

Paulinho Freitas é compositor, sambista e escritor.






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