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Colégio Paulino Pinheiro Baptista, lugar de memória - por Erick Bernardes


Foto Pixabay
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A preguiça de estudar, receita do fracasso, e outros ditados populares martelavam na minha cabeça como se fosse alguma espécie de mantra oriental, resultado das inúmeras vezes em que a minha mãe entoou esse tipo de aviso, segundo o qual eu deveria carregar para a vida afora. Mas quem disse que funcionava? E ela repetia toda manhã: "Se você não estudar, vai ter que trabalhar igual a burro". Nem assim eu mantinha as nádegas na carteira escolar. Mesmo com a frase da mamãe colada na mente, eu não esquentava cadeira em sala.


Pois é, mas o certo é que terminava a segunda aula, pulávamos o muro e corríamos à rua só para zanzarmos à toa e escapar das explicações de matemática do Sr. Olivério. Era o Colégio Paulino Pinheiro Baptista a escola, localizado na rua Dr. Pio Borges, no bairro do Pita, tornou-se meu lugar de memória e não poucas peraltices.


As amolações das equações e cálculos assustadores se juntavam à imagem do professor gigante de olho azul piscina. E não sei por que cargas d'água vinculei o perfil do professor enorme ao personagem da vida real que deu nome ao colégio. Exatamente, na minha cabeça o senhor Paulino Baptista deveria ter também 1.83 de altura e ostentar um par de olhos azuis e comer biscoitos de maizena com banana d'água durante o intervalo.



Mas você sabe quem foi verdadeiramente o Sr. Paulino Pinheiro Baptista? Vamos à história: nosso personagem foi um dos filhos ilustres da família de igual sobrenome. Sabe-se que, certa vez, o clã dos Baptistas adquiriu grandes propriedades a se estenderem ao longo do bairro Santa Catarina, o qual, aliás, possui esse topônimo por causa da capela construída em honra à mesma santa de devoção. O Sr. Paulino poderia ser referido como o que modernamente se convencionou chamar de playboy. Pois é, amante das festas e quermesses e exposições, circulou muito simpático pela sociedade, conhecendo pessoas e aumentando sua rede de contatos.


Fontes afirmam ter ele investido também na fabricação de tecidos e na construção civil, mas não vingou, infelizmente não foi à frente o empreendimento. Contudo, necessário reconhecer a sua importância para SG, tanto assim que virou nome da escola funcionando até hoje no Pita. Colégio Estadual Paulino Pinheiro Baptista, guardadinho aqui no coração.

 

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Erick Bernardes é escritor e professor mestre em Estudos Literários.







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