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Como está sua liberdade política para além das redes sociais? - Por Karla Amaral


Momento da Promulgação da Constituição e 5 de outubro de 1988/Foto: Reprodução Internet
Momento da Promulgação da Constituição e 5 de outubro de 1988/Foto: Reprodução Internet

Prezamos tanto pela liberdade. Ela é tão necessária na nossa vida. Liberdade de ir e vir. Liberdade de expressão. E a liberdade política? De que maneira ela se materializa? Como exercemos essa liberdade nos dias de hoje? Liberdade para se posicionar politicamente. É possível perceber, de certa forma, o exercício da liberdade política nas redes sociais. Vemos compartilhamentos a respeito da conjuntura política do nosso país nas redes. Críticas ao governo federal. Posts a respeito da péssima gestão pandêmica e do descaso do presidente da república, por exemplo. Fora Bolsonaro para cá, Fora Bolsonaro para lá.



Nas redes o debate está posto. E na vida real? Que liberdade você tem para se posicionar a respeito de críticas ao governo federal no ambiente do seu trabalho, você que exerce funções que a liberdade política é crucial? Você que trabalha executando uma política pública. Você professor/a. Você assistente social. Você psicóloga. Você diretor/a escolar. Você guarda municipal. Você fiscal de postura. Você enfermeiro/o. Ou você que trabalha numa empresa privada. Como está sua liberdade para se posicionar politicamente?



O que é liberdade política? De forma geral, segundo Amartya Sem (um dos criadores do IDH) a liberdade política consiste “na oportunidade que as pessoas têm para determinar quem deve governar e com base em que princípios, além de incluírem a possibilidade de fiscalizar e criticar as autoridades, de ter liberdade de expressão política e uma imprensa sem censura”. Como podemos ver, a liberdade política vai além do direito político de votar e ser votado.



A liberdade política é crucial numa democracia. Sem ela, a coerção arbitrária pelo poder impera. Sem a liberdade política você se limita. Sem liberdade política você não é feliz. Sim, a felicidade tem a ver com nossa liberdade política. Existem pesquisas analisando o grau de felicidade nesse contexto e o resultado é óbvio: “As pessoas preferem viver em ambientes políticos e econômicos mais livres, onde elas tenham mais possibilidades de escolha” (Corbi, Filho, 2007).



A liberdade política, para mim, incide diretamente nas reivindicações de direitos, na possibilidade de vivermos numa sociedade mais justa e igualitária. Como podemos viver nessa sociedade que almejamos quando não podemos apontar nossas opiniões e sugestões sobre o cenário político? Como podemos viver de forma igualitária se não podemos analisar e criticar grupos que ascendem ao poder?



Eu quero poder votar e ser votada. Ser filiada a um partido político. Ter liberdade de associação. Pertencer a grupos de pressão política. Expressar e manifestar meu pensamento. Ir à manifestação pública e poder tirar foto e colocar nas redes. Mas convivo com pessoas que não podem fazer nada disso. Enquanto eu puder, de certa forma, exercer minha liberdade política e meus companheiros ao meu redor não puderem, não há liberdade política plena. E podemos discutir se realmente vivemos numa sociedade democrática.


Como está sua liberdade política para além das redes sociais? E fora dos stories, como está sua liberdade política?

Karla Amaral é psicóloga e escreve para o Daki aos domingos.






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