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Dejorge confundiu plano de governo com lista de desejos, por Mário Lima Jr.


Foto: Reprodução Facebook
Foto: Reprodução Facebook

Dejorge Patrício deveria ter apresentado uma proposta de governo ao Tribunal Superior Eleitoral para validar sua candidatura à Prefeitura de São Gonçalo. No lugar da proposta, enviou um documento com 181 itens que deseja realizar. Todos listados de forma resumida, sem prazo de conclusão, estratégia de realização ou orçamento especificado. Ao invés de defender uma abordagem fundamentada para a questão gonçalense, Dejorge escolheu iludir o eleitor com um governo perfeito.


A Lei Nº 9.504 (que estabelece normas para as eleições) é bastante clara, ao contrário dos candidatos que preferem explorar as brechas da legislação. O pedido de registro de candidatura a Prefeito deve incluir as “propostas defendidas pelo candidato”, diz a lei. Ao citar no documento que pretende apoiar a economia solidária, por exemplo, Dejorge não defendeu nada porque não expôs argumentos. Por que essa é uma boa proposta? Qual é o cenário atual da economia solidária em São Gonçalo? Que tipo de apoio seu governo fornecerá, quem será apoiado e quando? Cada item listado por Dejorge gera as mesmas perguntas básicas. Alguém que traz apenas dúvidas e nenhuma resposta pode ser um bom professor de filosofia, mas não prefeito da segunda maior população do estado do Rio de Janeiro.


O curioso é que a introdução do documento, que Dejorge Patrício chama oficialmente de plano de governo, afirma que “com um planejamento sério e uma gestão profissional, ética e eficiente, (São Gonçalo) deixará de retroceder, tomando rumo compatível com a vontade da população, que anseia por dias melhores e mais felizes”. Além da introdução, um dos itens desejados por Dejorge é “Planejar São Gonçalo de forma integrada, descentralizada e participativa por meio do diálogo efetivo com a população”. Ou seja, o candidato não ignora a importância do planejamento.


Contudo, ao deixar claro que pretende planejar São Gonçalo, o candidato assume que ainda não planejou nada. Quem não planeja como vai governar, brinca com a vida dos gonçalenses e flerta com o desastre. Se fosse eleito, provavelmente logo reclamaria dos problemas deixados por Nanci e terminaria o cargo sem realização alguma, como os prefeitos das últimas décadas.


Em outro item, o documento propõe “Repensar a mobilidade urbana do Município para realinhar a arquitetura de fluxos em função dos dados de pesquisa de origem e destino e análise de contagem de tráfego (inteligência de trânsito)”. Ao citar a palavra dados, é o mais próximo que Dejorge chega de uma ideia madura, visto que dado algum aparece na proposta.


Por preguiça, Dejorge não mostrou nenhuma estatística sobre os problemas que afetam São Gonçalo. Ele não se deu ao pequeno trabalho de visitar o site do IBGE. Não é essa política superficial que o povo merece e espera, um plano de governo não pode ser vago. Ele deve conter tarefas e prazos de conclusão. Cada tarefa, devidamente esclarecida, precisa de um objetivo comum: o desenvolvimento econômico e social gonçalense. Como diz o ditado, de boas intenções o inferno está cheio.


Mário Lima Jr. é escritor.




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