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Dores orofaciais, sofrimentos e ideações suicidas - por Cristiana Souza


Imagem: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/suicidio-a-vida-nao-pode-parar/
Imagem: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/suicidio-a-vida-nao-pode-parar/

Sei que o mês de setembro já passou. Mas a campanha Setembro Amarelo é permanente, por isso conto pra vocês uma experiência que eu tive sobre sofrimentos e ideações suicidas.


O suicídio deve ser enfrentado como questão de saúde pública, apesar do assunto estar envolto de tabus e estigmas, se faz necessário falar sobre o suicídio, na perspectiva de promovermos uma rede de apoio e atenção às pessoas que podem estar com ideia suicida, em depressão e outros sofrimentos mentais.



Em 2015 o Brasil iniciou a campanha chamada setembro amarelo no sentido da prevenção do suicídio. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 32 pessoas se suicidam por dia no Brasil.


Origem do Setembro Amarelo

O Setembro Amarelo teve início nos EUA, após o adolescente Mike Emme, de apenas 17 anos, cometer suicídio, no ano de 1994.


Mike, conhecido por ser uma pessoa carinhosa e inteligente, adorava o seu Mustang 68 amarelo, batizado pelos amigos como "Mustang Mike". Mike, porém, tinha sérios sofrimentos psicológicos e psíquicos que não foram percebidos por familiares e amigos. Sofrimentos, esses, que o fizeram tirar a própria vida.


Em seu velório, fizeram uma cesta com vários cartões e fitas amarelas, lembrando o seu Mustang 68 que tanto adorava, contendo a mensagem: "Se você precisar, peça ajuda."



Essa ação foi o gatilho para um importante movimento de prevenção ao suicídio, pois os cartões chegaram às mãos de pessoas que necessitavam de ajuda.


A partir da triste história do Mike, foi escolhido como símbolo de luta contra o suicídio, o laço amarelo.


A pandemia que se iniciou no Brasil em 2020, afetou muito a nossa saúde mental. Desde então vivemos com medo, sofrendo por tantas vidas perdidas. A fome e o desemprego atingiram milhares de famílias, pois se não bastasse uma pandemia, ainda temos um governo genocida e a ausência de políticas públicas para as pessoas que necessitam do amparo do Estado.



Eu fui afetada física e mentalmente com a pandemia, desenvolvendo um quadro de dor orofacial, sentindo dia após dia fortes dores de cabeça, ouvido e articulação da face.


O sofrimento físico e mental me levaram a ter ideação suicida. Pensava nas formas mais eficazes de tirar a minha vida nesses momentos de ausência de lucidez, mas felizmente eu tive uma rede de apoio, família e amigos foram essenciais para que eu não desistisse de viver.


Quando estamos em sofrimento psíquico a rede de apoio é fundamental para que possamos pedir ajuda e buscar suporte de profissionais nos espaços de saúde mental.



Por eu ter externalizado o que estava sentindo, e ter pedido ajuda num momento de escuridão, me fortaleci para continuar seguindo, mesmo ainda sentindo as dores por tantas mortes e incertezas no dia de amanhã.


Se você estiver passando por momentos difíceis, de desespero, não hesite em pedir ajuda e falar sobre o que você está sentindo. Esse é o caminho possível para que consigamos seguir vivos.


O CVV

Centro de Valorização da Vida que "realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias".

Ligue 188.


Cristiana Souza é Assistente Social.



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