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Memórias póstumas do Piscinão de São Gonçalo - por Erick Bernardes


Foto: O São Gonçalo
Foto: O São Gonçalo

Embora não tenha sido construído há tanto tempo assim, jaz na cidade o Piscinão de São Gonçalo a produzir nostalgia. Verdade, havia quadra de esportes, pista de corrida, quiosques e mesas de jogo de damas e, claro, um lago enorme de água tratada proveniente da Baía da Guanabara.




A data de inauguração do Piscinão de SG, como também é chamado o Parque Ecológico Praia das Pedrinhas, deu-se em 2004. Custou aos nossos bolsos mais de 13 milhões de reais. Absurdo, né? Pior é ver isso tudo virar entulho depois. O espaço encerrou suas atividades em 2008 e reabriu em 2010, consumindo mais R$ 4 milhões dos cofres públicos, só para então fechar as portas outra vez em 2014. Deus do céu, quanto desperdício.



De acordo com o Jornal A Tribuna, o Parque (vulgo piscinão) "ocupa uma área total de 60 mil metros quadrados". Onde funcionava "o lago artificial, tinha nove mil metros de extensão e capacidade para 12 mil metros cúbicos de água, que era retirada da Baía de Guanabara" (MORAIS, 2021). Mas, e hoje, como está o lugar? Perguntará o morador ávido por um ambiente digno para praticar suas atividades esportivas. Bem, informo que infelizmente há só o espectro do "resort" papa-goiabas, um fantasma da agitação de outrora, uma tristeza só.


O capim cresceu, lixo foi despejado, o cercado elegante totalmente retirado. Roletas depredadas. Aquele banheiro bacana nem se fala, todo ele vandalizado, estupidez de alguns. Não há mais os simpáticos aparelhos de ginástica. Quanto ao piscinão propriamente dito, pois é, só tem mato alto e porcaria para todo lado. A época áurea do espaço, que parece ter sido ontem, se foi feito flash, resta-nos a memória recente e nada mais. Um túmulo gigantesco, é o que é.



Se o piscinão pudesse falar, decerto dedicaria ao povo gonçalense não a saudosa lembrança, mas a imagem do descaso: as suas mais vergonhosas memórias póstumas.




Referências:

https://www.atribunarj.com.br/piscinao-de-sao-goncalo-continua-abandonado/

Assista ao vídeo do Matheus Graciano sobre o assunto: https://youtu.be/2jPBPyRCtFo

Erick Bernardes é escritor e professor mestre em Estudos Literários.



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