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Paulo Pezão: da Chaleira ao Armação, por Oswaldo Mendes


Pezão em primeiro plano no Bloco da Chaleira/Foto: Acervo Pessoal
Pezão em primeiro plano no Bloco da Chaleira/Foto: Acervo Pessoal

Idos de 1970, o carnaval de Niterói era maravilhoso. Na Avenida Amaral Peixoto era a passagem de blocos e escolas de samba; na Rua da Conceição tínhamos diversos bares e na Rua Coronel Gomes Machado havia o encontro de Compositores e amantes de samba. Havia outro ponto semelhante ao do “Coronel” – como denominado popularmente, isto na Cinelândia, ao lado do Bar Amarelinho.


Niterói tinha o segundo melhor carnaval do Brasil, Escolas de Samba do porte da Viradouro, Cubango, Corações Unidos, Sossego, Canarinhos da Engenhoca, assim como blocos do porte do Calça Lee e da Chaleira.


Paulo Jorge, conhecido como Paulo Pezão, em função de seu singelo pé de número quarenta e sete, nascido e criado na Teixeira de Freitas, juntamente com todos os seus familiares, no Fonseca, Niterói, em 22 de novembro de 1957, viveu nessa localidade onde ainda possui seus grandes laços. Casou-se em 1977, com Mary; hoje já é avô. Após formar sua família, muda-se para o Morro do Castro, divisa de Niterói com São Gonçalo. Líder nato.


Emociona-se muito ao lembrar de sua querida Mãe, a qual tivemos a honra de conhecer e conviver. Todas as homenagens são poucas à pessoas como a genitora de Pezão. O tempo é uma criação humana, mas o amor, não. Esse é o Paulo Pezão.


Tem o dom da caneta, de escrever, da poesia. Aos dezessete anos, quando acompanhava o time dos Unidos da Vila ia para o Morro do Castro com um galho de pitanga e uma chaleira com limão(e cachaça, é claro), e assim nasceu o Bloco da Chaleira.


Junto com Sr. Caboclo, Neneu, Adir Furacão, o ex-presidente Celso Nogueira, Babá, Pitico, Guará, Luiz Xoxota, Nonota, saudosa Cleuza, Tiaozinho, Sr. Cabral e outros. Uma grande parte dos sambas da Chaleira são da autoria de Pezão.


Quem viveu esse tempo esperava ansiosamente pelo Bloco da Chaleira. Adentrava a Amaral Peixoto com um destaque saindo de dentro da mesma e muita fumaça, à época novidade do gelo seco.


Com mais de quarenta músicas na SOCIMPRO de sua autoria, com diversos sambas de blocos e alguns sucessos de pagodes reconhecidos, gravados e cantados em qualquer roda de samba.

“Se espirrar eu vou rir, só não pode melar o papel. Esse branco é do bom. Essa rapa vem do Borel...” era uma homenagem ao saudoso Jacaré, pois brincavam com ele por não beber e não fumar.


“Vem, vem buscar o que é seu, Me largou na esquina sem saber...” é outra música de grande sucesso.


O Bloco da Chaleira foi reativado em 2018, mesmo sem patrocínio, sem apoio de nada e de ninguém. Não há diretoria, existe uma junta governativa da Vila Oliveira e Teixeira de Freitas. O bloco atualmente só desfila na Comunidade e continua sendo um sucesso.


Nos idos de 1985 fundou, juntamente com os saudosos Jacaré, Zé e Henrique, Ivo, Davi e Daniel, o Grupo Armação, que tinha como padrinho o Grupo Só Preto, do saudoso, Ivo e Lucimar. Eram sucesso juntamente com os grupos Chamego, Só Sabor, Boca Loka, e outros.


Como Liderança Comunitária, esteve dezesseis anos à frente da Associação de Moradores do Morro do Castro, onde, com ajuda do saudoso ex-vereador de Niterói Magaldi, muitos serviços e benefícios fizeram pela localidade, serviços que se refletem até a presente data.


Campeonatos de futebol realizados na localidade do Morro do Castro atraiam até três mil pessoas no final de semana, isto por dez anos consecutivos, os quais resultavam em renda para a Comunidade. O time do Havaí, Luzo e Unidos do Morro do Castro foram lembrados, assim como o grande anfitrião da inesquecível liderança daquela região, o saudoso Miguel Belzebu.


Poucos fizeram tanto e tem a história do Miguel Belzebu; é lamentável que o preconceito, que impera no Brasil não consiga deixar de perseguir a cultura afro-brasileira, dentre outros.

Conta mais um caso onde o Jair, o qual dirigiu o time Vitória, em 1975, que tem em seu currículo o único time gonçalense que disputou uma partida preliminar de uma série do campeonato brasileiro no Maracanã, série “D”, essa partida foi empate e acha que foi contra o EC Motorista, de Rio Bonito.


Considera que as composições atuais são voltadas para o lado comercial e não vê mais compositores do estilo Candeia, Jovelina, Zeca e Serginho Meriti os quais mostram a realidade de um povo. Muita diferença.


Com alterações e sem apoio oficial, o carnaval de Niterói foi à bancarrota. Foram até jogados para desfilar até na Praia Grande. Desestimulador. Blocos tradicionais como o Tudo Sabe Nada Diz, Soledade, Zorro, Calça Lee, Chaleira que depois do desfile ficavam na rua São João - todos desapareceram. Acabaram com o segundo melhor carnaval do país. Decisões políticas realizadas na surdina, que na verdade escondiam o preconceito à cultura popular, a qual ainda persiste.


A vinda do GRES Viradouro da Garganta para o Barreto, com o desaparecimento do carnaval de Niterói, os ritmistas dessas agremiações migraram para a agremiação carnavalesca, o que foi bom para todos, mas repete que o responsável pelo término do carnaval de Niterói foram os políticos ligados à Prefeitura e suas decisões.


Um grande conhecedor da Cultura e amante do samba, esse é o Paulo Pezão.

Oswaldo Mendes é engenheiro.




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