top of page

Quem se garante? Por Paulinho Freitas

SÃO GONÇALO DE AFETOS

Anúncio publicitário anos 1970/Reprodução internet
Anúncio publicitário anos 1970/Reprodução internet

Nos anos setenta começou um novo tipo de comércio, o Peg Pag. Um mercado grande onde você mesmo pegava a mercadoria e se dirigia ao caixa para pagar. Esse tipo de comércio virou febre e levou os donos de armazéns que não se adaptaram a fechar as portas.


No Gradim, bem na praça abriu um peg Pag e quem fosse contratado ganhava uma camisa de malha com o nome do mercado desenhado no peito e o dono do mercado, antes de abrir as portas no seu primeiro dia de funcionamento reuniu todos os funcionários e fez uma pequena dissertação sobre o funcionamento da empresa, todos prestaram atenção máxima e uma frase ficou marcada em cada um dos funcionários e para que não esquecessem ele mandou pintá-la na parede do vestiário:


“VOCÊ PASSA A SE CHAMAR PEG PAG A PARTIR DO MOMENTO EM QUE VESTIR ESTA CAMISA.”


Levei pra vida esta frase e em todas as empresas em que fui colaborador apliquei esta máxima. Tudo o que você fizer vestindo a camisa de uma instituição elevará ou levará à lama este nome. Procurei honrar cada uma delas.


Um sambista para usar uma camisa de sua escola de coração tem que se garantir, tem que ter hombridade. Um torcedor para usar a camisa do seu time tem que se garantir, tem que ter hombridade. Tudo o que você fizer todo mundo vai dizer:


_ “Foi o cara de tal Firma que fez!” ou, “foi o cara da escola de samba que fez!” ou ainda, “foi o cara que torce pelo time tal!”


Todos os departamentos de recursos humanos deveriam perguntar ao candidato a emprego:


_“VOCÊ ESTÁ PREPARADO PARA SER ESTA EMPRESA, SER SEU NOME E SUA CONDUTA?”


Está é a principal pergunta a ser feita.


O Peg Pag do Gradim deixou saudade nos clientes que eram recebidos com um sorriso e o desejo de um bom dia a cada vez que entravam na loja. Se algum problema havia com qualquer mercadoria esta era trocada sem questionamento. O freguês que gastava um tostão tinha o mesmo tratamento do que gastava um milhão. Tudo por causa de uma frase bem bolada por aquele empresário.


A morte de um ser humano poderia ter sido evitada se aqueles seguranças tivessem orgulho em usar a camisa daquela empresa. Continuo minha caminhada vestindo a camisa de minha querida e amada Escola de Samba GRES Unidos do Porto da Pedra e da instituição em que colaboro, mas eu me garanto. E você, se garante?

Paulinho Freitas é cantor, compositor, sambista e escritor.



POLÍTICA

KOTIDIANO

CULTURA

TENDÊNCIAS
& DEBATES

telegram cor.png
bottom of page