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O Salgueiro e a sua ocasião, por Erick Bernardes



Falar que a localidade do Salgueiro se originou por causa de um português de igual nome e importância na região é, pois, chover no molhado. Sim, de fato se deve ao lusitano dono de comércio a tal alcunha que também é nome de árvore.

Li, recentemente, que há um tipo frondoso de vegetal denominado Salix Alba, vulgo salgueiro branco, e bom para o fígado quando macerado e tomado como chá quentinho depois de um ou outro abuso de comida gordurosa. Há ainda o salgueiro chorão, o Salix Babylônica de origem chinesa, apelidado assim por causa das folhas caídas em formato de cascata semelhando a torrente de lágrima. Mas, diga-se de passagem, planta alguma tem nada a ver com nada. O falecido português da mercearia é que tem — esse, sim, serviu de registro ao bairro em questão.


O que pouca gente sabe é que, oficialmente, se chama de Salgueiro só um entorno de quatro quadras encravadas no bairro São Lourenço. Há quem refira por Complexo do Salgueiro uma região maior, de espaço bem mais amplo. Houve um tempo (1960) em que o antigo BNH loteou direitinho o entorno dos terrenos. Fato curioso, narrado por alguns, decorre da explicação de que também o Salgueiro do município do Rio se originou de um parente próximo do comerciante português de cá. Juram os mais antigos, terem migrado de lá boa parte de moradores do Salgueiro gonçalense. Comunidades distantes, mas fundação similar, naquele que é considerado dos lugares mais problemáticos no quesito segurança pública. Não posso afirmar, pois do bairro pouco ou nada conheço.

Entretanto, seja êxodo, migração ou ocupação desordenada... melhor eu não opinar. E, quanto à tal violência evidenciada na tevê, permita-me ficar com a poesia da vida e pensar as folhas tristes das árvores em formato de cascata. Salgueiro chorão, por favor, pare de chorar.


Erick Bernardes é escritor e mestre em Estudos Literários.


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