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Ainda sobre o barqueiro de Itaoca - por Erick Bernardes


Foto: Pixabay
Foto: Pixabay

Na crônica passada ficou evidente a importância de Itaoca para a Ilha de Paquetá e adjacências. O barqueiro de cabeça branca nos proporcionou uma inesquecível viagem pela Baía de Guanabara.


As informações preciosas chegaram por meio da narrativa oral do professor de ciências naturais com o qual travamos contato durante a travessia. Eu sabia disso, instinto de jornalista, sem modéstia mesmo. Intuição de cronista. Peguei o contato do referido narrador e, claro, as informações se alargaram na semana seguinte via whatsApp.


_ Erick, aquele senhor que você conheceu, o tal barqueiro de cabeça branca, ele possuía seis ou sete lanchas. A diferença entre embarcações de transporte de carga e de tripulantes consistia em haver bancos espaçosos e confortáveis em uns e noutros não.


No quesito saúde da população local, o professor referiu ao fato de os moradores de Itaoca preferirem se consultar com os médicos de Paquetá. Devido à proximidade das ilhas, as pessoas costumam frequentar o sistema de saúde de lá, em vez de buscar as clínicas ou consultórios abarrotados em Alcântara ou centro de SG. Com relação aos medicamentos, a fitoterapia configurava terapêutica principal. Médicos prescreviam infusões e macerações de folhas e raízes nativas. Ervas cultivadas pelos insulares remediavam os tormentos do corpo. Sem falar da água de abastecimento da ilha de A Moreninha ter sua origem em território gonçalense. Por onde você pensa passarem as tubulações de água potável paquetaense? Pois é, nem eu sabia.



Falou-se ainda da dificuldade dos passageiros de chegarem até os barcos sem se molhar, principalmente alunos em meio à excursão. Frequentavam não raro a Ilha de Jurubaíba em cumprimento das pesquisas acadêmicas. Molhavam os pés os estudantes, a água da baía atingia a altura das canelas. Eram barcos modernos, relativamente grandes e confortáveis, cabiam até sessenta pessoas. Uma barca saindo atrás da outra. Dinâmica a logística das lanchas, por volta do ano de dois mil e cinco havia um substancial movimento de passageiros. Quem diria, hein, tráfego náutico de qualidade em São Gonçalo.


Infelizmente o barqueiro de cabeça branca está com dificuldade de ganhar o pão. Por causa da insegurança motivada pelo tráfico de drogas junto às vias de acesso ao bairro de Itaoca, as viagens decaíram sobremaneira. Tristeza, percurso com risco de extinção, desalento.

 

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Erick Bernardes é escritor e professor mestre em Estudos Literários.



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