top of page

Coisas da pandemia X: Meu domingo e eu - por Paulinho Freitas

SÃO GONÇALO DE AFETOS

Praia das Pedrinhas/Foto: Alex Belato
Praia das Pedrinhas/Foto: Alex Belato

Num lindo domingo de sol, mês de agosto, numa volta de carro, tentando espairecer um pouco vejo a vida, sorrir para uns, acenar com esperança de melhores dias para outros e sem nenhuma razão aparente fazer chorar alguns que aceitavam resignados o sofrimento e ainda os que maldiziam a própria sorte de estarem nesta terra.



A Praia das Pedrinhas acolhia famílias inteiras em seus bares à beira mar para um almoço despreocupado e feliz, turmas de jovens confraternizavam com música alta e cerveja gelada, os flanelinhas faziam a festa, já não havia lugar para tantos carros. As praças de alimentação dos shoppings também estavam agitadíssimas. Pelas esquinas dos bairros o pagode com churrasco rolava solto. Este meu povo de São Gonçalo sabe ser feliz!



Por outro lado, ali no Pronto Socorro Central, lágrimas de estranhos se transformavam em irmãs ao se misturarem no sofrimento de seus entes queridos ali internados por motivos diversos, um pai, um filho, um marido, um irmão, cada um tem uma história, cada história com um final nem sempre feliz.



No Cemitério Central de São Gonçalo as capelas guardavam o silêncio daqueles que nada mais tem a fazer a não ser receber as últimas palavras de Adeus, o último perdão, o último “Eu te Amo”.


Neste passeio dominical volto pra casa com a cabeça confusa. Tanta alegria e tanta tristeza! Amanhã aquele que tomava aquela cerveja com os amigos poderá estar chorando por alguém na porta do Pronto Socorro, ou quem sabe lá dentro lutando para continuar aqui neste mundo maravilhoso. Quem sabe na capela recebendo as últimas palavras de Adeus, um último pedido de perdão ou um último “Eu te Amo.”



Todos os lugares continuarão lá a nossa espera. O Pronto Socorro Central, a capela e a Praia das Pedrinhas com o por do sol mais bonito que temos o privilégio de assistir.


A vida é uma gangorra. É preciso estar preparado tanto para estar em cima quanto para estar embaixo.


Quanto a Pandemia... Que Pandemia??????

Paulinho Freitas é compositor, sambista e escritor.





POLÍTICA

KOTIDIANO

CULTURA

TENDÊNCIAS
& DEBATES

telegram cor.png
bottom of page