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Covid: Casos de síndrome gripal entre crianças explodem no Rio

Novo pico é quase 4 vezes maior que recorde anterior


Foto: Gabriel de Paiva
Foto: Gabriel de Paiva

Extra - A cidade do Rio bateu recorde de notificações de casos de síndrome gripal entre menores de 12 anos no início de janeiro, pouco após a chegada da variante Ômicron, que provocou uma explosão de diagnósticos de Covid-19 no município. Na segunda semana epidemiológica de 2022, correspondente ao período de 9 a 15 de janeiro, o Rio registrou 3.234 casos de síndrome gripal nesse público, o maior número já contabilizado em uma semana de toda a pandemia, segundo dados compilados pela Secretaria municipal de Saúde (SMS). O total é 3,7 vezes maior do que o recorde anterior, registrado na semana epidemiológica 33 de 2021 (15 a 21 de agosto), durante o pico da variante Delta (871 casos).


A fonte das informações é o sistema eSUS Notifica, do Ministério da Saúde, usado para o registro de casos de síndrome gripal, recebam eles a confirmação de Covid-19 ou não. Embora os cálculos da prefeitura incluam também os episódios que não tiveram diagnóstico positivo para a doença — dando margem à suspeita de infecção por outro patógeno, como o vírus influenza, que provocou uma epidemia no município em dezembro —, a recente explosão de casos registrados entre menores de 12 anos decorre, tal como nas outras faixas etárias, da Covid-19, pontua o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.




— Podemos considerar que quase todos esses casos são de Covid-19. É o que vemos pelas análises do nosso mapa viral, que apontam uma grande redução de diagnósticos de influenza no Rio em janeiro — diz ele.


O mapa viral é feito por meio da análise de material genético coletado de pacientes com síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que consiste no agravamento dos casos de síndrome gripal. Das 43 amostras analisadas neste mês que tiveram um patógeno causador identificado, 34 apontaram a presença do vírus da Covid-19, o SARS-Cov-2, e apenas quatro continham a influenza.


Em janeiro, como mostrou o G1, o número de crianças com até 9 anos diagnosticadas com Covid-19 já se aproxima do dobro dos casos registrados em 2020 e 2021 somados. A quantidade de infecções reais é provavelmente maior, já que muitos casos são assintomáticos e nem todos têm confimação por teste.


Segundo dados divulgados em novo boletim epidemiológico da prefeitura, atualizados na última quinta-feira, o número de casos conhecidos de Covid-19 entre menores de 12 anos registrados em janeiro já corresponde a 53% do total de ocorrências notificadas em 2021 inteiro. Foram 5.997 casos em 20 dias, contra 11.342 em todo o ano passado.]




Apesar do recorde, as crianças não foram o grupo que registrou a maior alta de casos de síndrome gripal no Rio em 2022. Por ordem de número de notificações, a faixa de 0 a 12 anos aparece nos gráficos da prefeitura em quarto lugar; o grupo de 20 a 39 anos foi o que teve uma curva mais íngreme.


A explosão de ocorrências de síndrome gripal entre crianças foi acompanhada também de um aumento nos casos graves, embora não da mesma proporção. Na semana epidemiológica 2 de 2022, quando o novo pico de infecções conhecidas foi registrado, o Rio somou 14 novas internações entre menores de 12 anos; na semana anterior, foram 19, patamar similar ao recorde de hospitalizações de 2021 (20).


Para a médica pediatra Isabela Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o cenário é preocupante, já que as crianças, ao contrário das outras faixas etárias, ainda não estão vacinadas. Além disso, a rede de UTIs pediátricas é muito menor do que a rede de UTIs para adultos, o que pode provocar uma sobrecarga na linha de frente.


— Nós, adultos, flexibilizamos nossas condutas porque estamos vacinados. As crianças estão flexibilizando junto sem estarem vacinadas. Mesmo que a Ômicron esteja se mostrando menos grave, isso vale para as pessoas vacinadas. Vemos isso claramente nos dados do Rio: pessoas não vacinadas adoecem, sim, mesmo que na maioria das vezes a doença não tenha curso grave. Crianças têm menos chances de desenvolver casos graves, mas não é risco zero.

Por isso reforçamos sempre que as famílias devem continuar mantendo os demais cuidados além da vacina, como o uso correto das máscaras — pontua a especialista.

 

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