Não existe malandro mais malandro que malandro, por Paulinho Freitas
SÃO GONÇALO DE AFETOS
Helvécio Sabiá era um compositor do GRESU Porto da Pedra. Um excelente contador de piadas e adorava pregar uma peça nos parceiros. Carlinhos Pé de Pato por sua vez adorava levar vantagem em tudo, 171 nato. Se alguém acreditasse em sua lábia estava perdido, certamente iria perder algum dinheiro.
Naquela sexta-feira o bar de Valmir Lobinho estava lotado e muitos compositores bebiam na calçada, Helvécio Sabiá chegou cumprimentando a todos efusivamente chamando atenção para si. A marquise do bar é baixa e Helvécio pegou a carteira que era grande para por no bolso e estava sendo incômodo segurá-la, pegou-a e colocou sobre a marquise de forma que todos percebessem.
Do outro lado da rua, Carlinhos Pé de Pato lançou aquele olhar de lince sobre a carteira, saiu de onde estava e foi confraternizar com os compositores e com aquelas mãos mais leves que carinho de mãe surrupiou a carteira e a pôs rapidamente no bolso de trás da calça. Acenou fingindo que alguém o chamara e saiu caminhando em direção à rua principal, certamente para entrar em algum lugar para contar os lucros. Só que “ Macau Grande, também conhecido como Cara de Caveira,” estava esperto e foi atrás para amealhar o seu quinhão. Quando chegou perto do amigo viu que a calça branca dele estava amarela e molhada, um cheiro insuportável como se tivesse tifo um revés de intestino (se é que me entendem) e voltou na mesma hora. Carlinhos Pé de Pato ao perceber que tinha caído numa armadilha de Helvécio Sabiá pegou a reta da rua e sumiu. Até hoje se esconde quando vê um compositor da escola.
No bar, Helvécio Sabiá gargalhava e os Compositores brindavam à vida enquanto Jorge Padeiro apresentava um novo samba de terreiro acompanhado na palma de mão por Nier Ribeiro. Ê tempo bom!!!!!!!!!!
“Ah Porto da Pedra!
Nem queira saber como estou
Você é o meu caso de amor...!”
Paulinho Freitas é compositor, sambista e escritor.
