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Politicamente Correto, por Rafael Abreu


O termo politicamente correto é utilizado para descrever palavras e vícios de linguagem, que são vistos como excludentes por marginalizar, ou insultar grupos de pessoas que são vistos como desfavorecidos ou discriminados. Especialmente grupos definidos por sexo ou raça.


Para algumas pessoas, críticas do conceito, politicamente correto quer dizer algo ruim, uma espécie de censura que impede que as pessoas falem livremente sobre todos os assuntos. O curioso é que nenhuma figura pública importante se descreve como politicamente correta. Isso porque o termo tem alto peso político, tanto para quem o defende como para quem o critica.


Alguns acreditam que a palavra é polissêmica. 


Que as palavras não são coisas, as palavras remetem a coisas.


Se você  tira da linguagem a sua visão irônica e polissêmica, você  joga fora a história da humanidade.


Pois o que hoje, através do contexto histórico nós consideramos racismo e homofobia, no passado não era considerado assim.


Você  precisa analisar o contexto histórico da palavra, da linguagem.

Para os que concordam, eles acreditam que a palavra é um campo de luta política.


Que a língua é um lugar repleto de coisas e que é através dela que se passa os preconceitos e valores sociais de geração a geração.


A linguagem existe antes do sujeito, quando uma criança começa a falar, ela passa a entrar na linguagem, ela começa a vivenciar através das ações e das palavras a sua cultura, preconceitos e valores.


E quando você entra na língua, você automaticamente começa a repetir todos os preconceitos, vícios de linguagem, gírias, sotaques e ditados populares daquela língua.


Se essa criança começa a fazer parte desse universo ela automaticamente irá carregar aquilo com certa naturalidade.


Mudando a linguagem, você muda a realidade.


Para os estudiosos do assunto, essa história de politicamente correto nem existe. O politicamente correto é uma espécie de "inimigo imaginário".


Pesquisadora de Harvard, Moira Weigel está escrevendo um livro sobre a história do politicamente correto, a conspiração do “marxismo cultural” e a relação dos movimentos de direita com a filosofia na era das redes sociais.


Segundo Moira, há um uso político desse termo porque é algo muito vago e pode significar várias coisas.



É uma maneira útil e poderosa de consolidar algum tipo de identidade política antidemocrática. Quando você chama alguém de politicamente correto, você não só diz que ele está errado, mas que é desonesto e tem motivos escusos para agir dessa maneira. Isso dá poder para que um político chegue e diga: “Eu vou decidir o que é certo e errado”. 


Isso pode ser perigoso demais!


Se você é de alguma minoria que não faz parte disso, será excluído do processo democrático.

Moira segue dizendo:


"Os autoritários vão continuar usando redes sociais para atacar e desacreditar oponentes, a democracia e o jornalismo. Claro que não dá para comparar a audiência do Twitter com a da TV, mas Trump escreve coisas tão absurdas que acabam aparecendo na TV. É uma forma de manipular a mídia tradicional. Se essas instituições democráticas que nos permitiram evoluir nos últimos 100 ou 200 anos forem destruídas por tipos como Trump ou Bolsonaro, teremos de descobrir outra maneira. É importante reforçar que as pessoas gostam tanto de falar sobre o politicamente correto porque se sentem sem importância, como se houvesse alguém controlando o que elas podem dizer ou fazer. O ponto da virada seria reempoderar essas pessoas de uma outra forma. 


Obviamente não é por causa das minorias que elas não se sentem empoderadas.


As pessoas gostam de ouvir o Trump e o Bolsonaro falar contra o politicamente correto, porque muitas não se sentem empoderadas, se sentem deixadas para trás pelo sistema econômico vigente, o que é verdade. Ver alguém quebrando as regras do sistema traz uma espécie de satisfação para essas pessoas."conclui Moira.


Os políticos da extrema direita usam esse tipo de estratégia.


É bom poder jogar a culpa naqueles jovens  "maconheiros de esquerda” das Universidades Federais.  É isso o que o "Sinistro da Deseducação", Abraham Weintraub vem fazendo. Querem desqualificar os acadêmicos a todo momento, para o presidente Jair Bolsonaro os livros tem muita coisa escrita e precisa suavizar isso daí! Para Olavo de Carvalho, guru desse desgoverno, a Terra é plana e não há argumentos que o refutem.


E assim caminha a humanidade, nessa eterna disputa sobre a narrativa histórica e o imaginário popular. Cabe a classe trabalhadora se atentar a isso e não se deixar influenciar por discursos rasos, polarizadores e oportunistas como esse.


Eu sou Rafael Abreu, colunista Daki.

Rafael Abreu faz análises de conjuntura politica nacional às quartas no Jornal Daki.


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