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Quando a escravidão for abolida - por Mário Lima Jr.


Foto: Reprodução Internet
Foto: Reprodução Internet

Quando a escravidão for abolida, o jovem negro sairá à noite para se divertir, ao lado do branco, sem medo de ser o único parado pela polícia por causa da cor da sua pele, e frequentemente agredido. Ele entrará de mochila e chinelo no shopping e não será impedido de circular pelo segurança. O relógio que acabou de comprar de presente para seu pai não será roubado por aqueles que deveriam garantir sua proteção e o bom funcionamento do estabelecimento.


O primeiro artigo que nós leremos na Internet de manhã defendendo a igualdade racial terá sido escrito por um homem ou mulher negra. Negros ocuparão os postos mais cobiçados na Medicina, no Direito, na Engenharia, nos palácios em Brasília e nas novas economias, como aquelas ligadas à Cultura e ao Meio Ambiente. O medo exclusivo de existir como cidadão, que no passado apenas negros sentiam, será debatido nas escolas, museus e associações de moradores para que ele nunca mais volte. Para que ninguém sofra outra vez como vítima majoritária da violência.



O jovem trabalhador negro, recém-contratado pela empresa, não será mais barrado na portaria do prédio, confundido como entregador de quentinhas. Todos saberão que ele pode ser tanto o presidente da startup quanto o faxineiro ou secretário. Os levantamentos estatísticos dirão que brancos não são preferidos para ocupar cargos de chefia. E negros não tem maiores chances de sofrerem morte violenta.


O Brasil é escravo do racismo, da violência, da injustiça social e do ódio. No dia da liberdade o país não sentirá mais medo porque o extermínio racial terá, enfim, sido vencido. Depois de existir por séculos, matando e destruindo famílias, e mesmo assim jamais deixando de ser um tabu. Nesse dia, quem dirá ao microfone o que o Brasil deve fazer para garantir o bem-estar das crianças do país, negras, indígenas, imigrantes e brancas, será um homem negro, eleito pelo povo. Brancos já ocuparam esse espaço por tempo demais e por tempo demais mantiveram o país banhado no sangue de gente inocente.


Brancos não tentarão evitar que o poder e a economia sejam compartilhados porque entenderão que a alma brasileira é mestiça desde o nascimento. Desde o primeiro filho europeu e indígena de pai e mãe. Quando esse dia chegar, defenderemos juntos que a liberdade brasileira nunca seja atacada. Que nenhum povo, isolado nas florestas do Norte ou habitando favelas nas demais regiões, seja massacrado para benefício de ricos e corruptos.

 

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Mário Lima Jr. é escritor.



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