Regina Bienenstein, a 'arquiteta dos pobres' assume vaga na Câmara de Niterói
Professora da UFF é uma das fundadoras do NEPHU, bastante atuante na causa da moradia em regiões pobres e de periferia de Niterói e São Gonçalo
Por Rodrigo Melo
A arquiteta Regina Bienenstein, de 77 anos, idealizadora do icônico Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos ((NEPHU) da Universidade Federal Fluminense, assume uma vaga na Câmara de Vereadores de Niterói no próximo dia 2 de agosto, no lugar do colega Paulo Eduardo Gomes (PSOL), suspenso sob acusação de homofobia contra a vereadora Verônica Lima (PT), em junho deste ano.
Regina levou o NEPHU a se transformar numa referência em projetos urbanísticos e arquitetônicos em comunidades pobres e periféricas do estado do Rio, em Niterói e São Gonçalo em especial. O projeto de maior destaque em São Gonçalo foi realizado na comunidade de Vila Esperança, finalizado em 2010 com ampla participação dos moradores da ocupação vizinha ao Campo da Brahma, no Porto Velho.
Orçado em pouco mais de R$ 2,5 milhões na época, o projeto, porém, não saiu do papel devido à má vontade e desavenças políticas da prefeita Aparecida Panisset com o líder comunitário da VE Wanderley Santos. O dinheiro chegou a ser liberado pelo Ministério das Cidades, mas ficou retido na Caixa Econômica Federal por falta de interesse do Município.
Professora titular do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF, Regina também é filiada ao Psol e obteve 2.053 votos na eleição de 2020, ficando na primeira suplência do partido. Assume a vaga numa situação delicada para o partido e não da forma como desejaria, mas irá cumprir o seu papel nos 60 dias de suspensão provisória de Paulo Eduardo Gomes até decisão final da Comissão de Ética e do Plenário da Câmara.
“Não escolhemos a situação nem o momento que assumimos a vereança, nem o tempo que ficaremos na casa. Sabemos que é muito pouco tempo, mas durante toda minha vida acumulei uma história na luta pelo direito à moradia e à cidade. Temos repetidamente apontado a grande desigualdade encontrada em Niterói, tanto em termos da realidade presente nos espaços da cidade, onde encontramos mais de 40 mil moradias em assentamentos populares precarizados”, disse Regina.
A agressão do vereador Paulo Eduardo Gomes a Verônica Lima foi registrada na 76ª DP e o caso já virou inquérito encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) de Niterói.
