top of page

'Tenho que botar a boca no trombone para dizer que meu filho não é vagabundo'

O pai do lutador Vitor Reis de Amorim, disse que vai lutar para provar que o filho morto com um tiro no peito não era criminoso


 Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Jornal Extra - O pai do lutador de boxe e Muay Thai, Vitor Reis de Amorim, Valneci Ferreira, disse que vai lutar para provar que o filho, que foi morto com um tiro no peito nesta terça (28), não era criminoso. No sepultamento do jovem, ele criticou a atuação dos policiais militares que relataram que foram atacados durante patrulhamento em São Gonçalo. A família acusa os agentes de terem disparado contra Vitor. O enterro foi na tarde desta quarta, no cemitério São Miguel, também em São Gonçalo.


— Eu vou até o final para provar que meu filho não é o que falaram. Ele nunca foi bandido. Meu filho é lutador. Se a polícia abordasse ele, pediria até desculpa. Eles são despreparados. Não vou generalizar, porque precisamos da polícia, mas tem policiais despreparados e eles tiraram a vida do meu filho — desabafa.


Valneci diz também que Vitor lutava desde, pelo menos, os 10 anos de idade e que tinha ganhado uma moto que o pai ainda estava pagando.


— Dificilmente eles vão falar que mataram um trabalhador. Eu tenho que botar a boca no trombone para dizer que meu filho não é vagabundo. Eles chegaram lá atirando mesmo — afirma.




Segundo a Polícia Militar, agentes do 7º BPM (São Gonçalo) faziam patrulhamento pela Rua Mendes Ribeiro, no bairro Patronato, quando foram atacados a tiros por um grupo de homens armados e reviradaram. Os policiais encontraram um homem ferido que foi socorrido para o pronto socorro de São Gonçalo, mas não resistiu. Ainda de acordo com a corporação, uma pistola, munições e um rádio comunicador foram apreendidos no local e os suspeitos fugiram. O caso foi registrado na 73ª DP (Neves). De acordo com a Secretaria de Saúde de São Gonçalo, Vitor já chegou morto ao hospital com um tiro na região do peito esquerdo. Segundo o pai, o sonho de Vitor era ser lutador.




— Ele sempre falava "pai, tenho que treinar bastante porque tenho que me aperfeiçoar". Ele treinava todo dia. Esse era o sonho dele, só que interromperam.


No velório, o treinador de Vitor, José Romildo de Lima, contou que o jovem iria entrar para uma disputa de cinturão e teria uma luta no dia 30 de janeiro em Araruama.


— Vitor era guerreiro, coração. Ele lutava feliz. Fazia o que gostava e demonstrava isso. Infelizmente tiraram o sonho do garoto e levaram o meu junto — lamentou.


Além de boxe, Vitor também lutava muay thai e estava vencendo disputas nas duas modalidades.


— Ele queria seguir carreira de lutador e eu abracei. Botei ele no circuito de boxe, fomos campeões. No muay thai, a mesma coisa. Só vitória. Tinha tudo para crescer. Uma carreira limpa, dedicação... — disse o treinador.


Policiais da Corregedoria da PM estiveram no velório para convidar o pai de Vitor a prestar esclarecimentos. O porta-voz da PM, tenente-coronel Ivan Blaz, disse que a Corregedoria da corporação atua na apuração do caso e que há uma "guerra de narrativas" entre os policiais e a família do jovem:




— A Polícia Militar já colocou a Corregedoria para atuar diretamente nas apurações do caso desse confronto armado em São Gonçalo que resultou na morte de Vitor, de 19 anos. A gente tem nesse momento uma guerra de narrativas em que nós temos a versão dos policiais e a versão da família. Os policiais alegam que foram alvos de tiros de marginais e que houve um confronto. E a família alega que não havia qualquer confronto e que Vitor estava desarmado. Logicamente, a gente precisa agora fornecer todos os dados necessários para a perícia.


Esta manhã, o governador Cláudio Castro comentou sobre a morte do jovem e disse que se os policiais erraram vão ser "exemplarmente punidos".




– (O caso) já está na Polícia Civil. Eu não comento investigação. Essa é a polícia que mais pune quem não faz bem feito (que não cumpre a lei) e que erra. Se (algum dos agentes) errou, será punido. Mas eu nunca condeno antes do devido processo legal. Minha postura será essa. Sou favorável à polícia. Mas não pode cometer excesso. Se errou, será exemplarmente punido. Se não errou, não terá condenação antecipada – disse Castro esta quarta-feira, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio.



POLÍTICA

KOTIDIANO

CULTURA

TENDÊNCIAS
& DEBATES

telegram cor.png
bottom of page