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Ágatha e Greta, por Helcio Albano


Não sei exatamente quando e porquê bandeiras que representavam os mais altos valores humanistas, como justiça e igualdade social, uso sustentável dos recursos naturais e do meio ambiente, acesso a direitos fundamentais como saúde, educação e segurança pública com equidade, se transformaram em coisa de ‘esquerdista’, ‘maconheiro’ e ‘viado’.


Até entendo, por exemplo, que o termo ‘esquerdista’ tenha entrado no vocabulário retórico da luta política se referindo aos governos do PT, mas colocar tais valores no mesmo pacote de rejeição a um partido me obriga a encarar de modo cético minhas próprias convicções.


Um menina de 8 anos morre de tiro de fuzil e a discussão estabelecida não é do absurdo da morte em si e suas circunstâncias, mas quem atirou na garota.


Uma outra garota, a sueca Greta Thunberg, com o dobro da idade de Ágatha, mas ainda assim muito jovem, abraça de modo firme a CAUSA das causas do presente e do futuro, que é a preservação do meio ambiente para frear a catástrofe iminente das mudanças climáticas, e é rebatida não pelo o que defende, mas pelo o que é: adolescente e autista.


Sim, além de ser acusada de ‘esquerdista’ financiada por George Soros, também é ‘acusada’ de ser... autista!


Agatha, Greta e todos nós somos vítimas desse mesmo mundo hostil.


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A morte da menina Ágatha Félix, de apenas 8 anos, na localidade da Fazendinha, no Morro do Alemão, não foi em vão. Se ainda não fez arrefecer a política genocida de Witzel nas favelas e periferias do Rio, pelo menos serviu para sensibilizar os deputados na Câmara Federal, que retiraram o famigerado “excludente de ilicitude” do pacote anticrime do governo Bolsonaro apresentado pelo ministro ex-juiz Sergio Moro.


O dispositivo, se aprovado, daria à polícia praticamente carta branca para matar sem risco de processo e muito menos condenação na Justiça.

Helcio Albano é jornalista editor do Jornal Daki.



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